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    Como plantar tomate de mesa

Doenças causadas por vírus Doenças causadas por vírus

Vírus são agentes infecciosos constituídos de molécula(s) de RNA ou DNA envolvidos por uma capa proteica. Os vírus podem ser observados apenas em microscópio eletrônico. 

As doenças causadas por vírus são referidas como viroses. O nome das espécies  de vírus é composto, sendo normalmente constituído do nome da hospedeira e do tipo de sintoma, seguida da palavra vírus. Usam-se siglas para facilitar a citação, geralmente contendo as iniciais de cada componente do nome.

Na natureza a disseminação do vírus de plantas ocorre de forma muito especializada. A maioiria é transmitida por insetos vetores: pulgões, moscas-brancas, cigarrinhas e tripes.  Os danos causados podem ser inexpressivos ou levar à perda total da produção.

A avaliação visual de sintomas não é suficiente para identificar a(s) espécie(s) de vírus envolvida(s), requerendo testes laboratoriais complementares. 

O controle depende principalmente de medidas preventivas, que devem ser tomadas por todos os produtores de uma região, estado ou páis. Muitas medidas são estabelecidas em legislações fitossanitárias nacionais e internacionais.

Controlar vírus apenas com a aplicação de agrotóxicos, visando a destruição dos insetos vetores, quase sempre leva ao insucesso, eleva o custo de produção, provoca sérios danos ao meio ambiente e favorece o aparecimento e super pragas.

Principais doenças Principais doenças

Os tobamovirus que infectam tomateiros no Brasil e causam o mosaico-do-virus (ToMV) e mosaico-do-fumo (TMV) são muito similares, sendo o mosaico-do-tomateiro o vírus mais disseminado na cultura.

A grande maioria das cultivares hoje plantadas é resistente ao mosaico-do-vírus, mas surtos e epidêmicos podem ocorrer com o plantio de sementes infectadas e práticas culturais inadequadas. 

Estes tobamovírus são transmitidos com alta eficiência pelas sementes e ainda por meio do contato direto entre plantas, mãos de operários e instrumentos ou implementos durante os tratos culturais. Possuem amplo círculo de hospedeiros, porém quase restrito às solanáceas.

As folhas geralmente apresentam sintomas de mosaico suave, alternado com embolhamento, rugosidade, amarelecimento e crescimento reduzido da planta, o que pode comprometer sua produção.  Eventualmente as folhas podem tomar forma alongada e retorcida. Plantas muito doentes ficam raquíticas e apresentam e apresentam frutos com necrose interna vascular e/ou bronzeamento superficial.

Em ambiente de alta temperatura, as plantas e os frutos podem parecer assintomáticos. Entretanto, dependendo da estirpe do vírus pode ocorrer necrose interna vascular e/ou bronzeamento na superfície do fruto.

O controle baseia-se principalmente, no uso de sementes livres de vírus, eliminar restos de culturas anteriores, nos quais o vírus pode se manter infectivo por até 6 meses. Além disso, para impedir a disseminação à distância, devem ser adotadas pelos trabalhadores normas higiênicas adequadas, tanto pessoais como para com os utensílios, durante as operações culturais.

As perdas dependem da época de infecção, sendo maiores em infecções precoces. Podem ocorrer infecções mistas com outros vírus, tornando as perdas ainda maiores.

Trata-se do mesmo vírus Y da batata.

O agente causal da risca-do-tomateiro (PVY) ocorre de forma restrita em lavoruas de tomate no Brasil. São poucas as plantas hospedeiras do vírus. A transmissão é feita por pulgões, que adquirem o vírus em uma planta doente.

Os pulgões somente são capazes de transmitir o vírus por alguns minutos a poucas horas, portanto ele precisa atacar outra planta doente para continuar transmitindo o vírus. Não existem evidências de que seja transmitido pela semente.

Os sintomas nas plantas infectadas são pouco severas, sendo o mais comum um mosaico leve ou severo nas folhas mais novas, com as nervuras apresentando coloração verde-escura (Figura 1). Não se observam sintomas nos frutos, mas infecções precoces podem causar perdas totais. Sendo as infecções após a floração são menos danosas.



Figura 2. Folhas com manchas de diferentes tonalidades de verde
Foto: Carlos A. Lopes

O controle do vírus é bastante difícil, devido à eficiência  da transmissão pelo vetor e também devido à ocorrência de numerosas fontes externas de vírus. Algumas medidas preventivas podem reduzir a disseminação dessa virose:

  • o isolamento das plantações de tomateiro, pimentão, pimenta, hortas, jardins e plantios mais velhos de tomateiro;
  • o controle do inseto vetor com produtos adequados; e
  • o uso de telado para proteger as plantas, principalmente durante o período compreendido entre a semeadura e até 15 dias após o transplante.

A pulverização com agrotóxico não previne a disseminação do PVY, pois o pulgão adquire e transmite o virus em poucos segundos. Deve-se ressaltar que o uso de cultivares resistentes constitui uma das maneiras mais eficientes no controle do vírus.

O topo-amarelo ocorre de forma esporádica e localizada, no Brasil. Pode causar perdas significativas se a infecção ocorrer antes da maturação dos frutos.

O vírus não é transmitido de forma mecânica ou por semente. A transmissão é exclusivamente de pulgão, que, uma vez tendo adquirido o vírus pode transmití-lo por todo vida, de modo persistente.

A doença topo-amarelo se caracteriza pela presença de folhas pequenas, com bordas amarelas e enroladas para baixo na ponta da planta (Figura 1). (... presença de folhas pequenas com deformações e em forma de colher). 


Figura 2. Amarelecimento e deformação das folhas mais novas
Foto: Carlos A. Lopes

As folhas mais velhas tornam-se cloróticas e rugosas, com textura semelhante ao couro. A clorose da planta progride de cima para baixo, do que originou o nome da doença, topo-amarelo.

A proximidade do tomatal a plantas hospedeiras de insetos vetores, como cucurbitáceas e várias ornamentais, aumenta o risco de epidemia.

O controle baseia-se no controle do inseto vetor, principalmente na primeira fase do ciclo da cultura. As mudas devem ser produzidas em telados e mantidas pulverizadas com inseticidas antes e depois de serem transplantadas no campo.

O vira-cabeça-do-tomateiro é causado por várias espécies do gênero tospovírus: TSWV, TCSV, GRSV, CSNV. A grande maioria dos hospedeiros estão nas famílias Solanaceae e Comositae.

O TSWV é considerado o mais disseminado na cultura do tomateiro e responsável por uma das mais sérias doenças, devido aos grande prejuízos econômicos que pode acarrretar à cultura. Os tospovírus são transmitidos por tripes e se multiplicam no inseto vetor. O vírus somente é adquirido pelo tripes no estadio de larva, e este permanece durante toda a vida no corpo do inseto.

Em geral, quando a infecção por tospovírus ocorre no início do ciclo da cultura do tomateiro, as perdas são totais. Não existem evidências de transmissão destes vírus por semente. Os sintomas causados por tospovírus variam de acordo com a cultivar de tomate, idade em que a planta foi inoculada, temperatura e espécie de vírus envolvido.

Os sintomas mais frequentemente observados são:

  • roxeamento ou bronzeamento das folhas (Figura 1);
  • ponteiro atrofiado e virado para baixo (o nome deriva deste sintoma);
  • redução geral no porte da planta;
  • lesões necróticas nas hastes e folhas


Figura 3. Plantas arroxeadas
Foto: Carlos A. Lopes

Os frutos quando verdes apresentam lesões irregulares, deprimidas e secas e quando maduros apresentam lesões amarelas concêntricas (Figura 2).


Figura 4. Frutos com manchas as vezes em forma de aneis
Foto: Carlos A. Lopes

Como  controle são recomendadas várias práticas culturais integradas, embora o controle total seja difícil:

  • a rotação de culturas não suscetíveis ao vírus, tais como milho e couve-flor, podem ser usadas;
  • a escolha de local apropriado, situado a certa distância de lavouras suscetíveis ao vírus;
  • plantio do tomateiro em epocas menos favoráveis à incidência do vetor.
  • escolher áreas de plantio em maiores altitudes;
  • mudas isentas de vírus;
  • aplicação de inseticidas sistêmicos para diminiur a população do vetor;
  • uso de barreiras para evitar a migração dos insetos vetores.

Apesar de o uso de variedades resistentes ser recomendado, ainda não estão à disposição, no mercado, linhagens completamente resistentes.