Embrapa Hortaliças
Doenças bacterianas
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Sistema de produção de batata-doce
Embrapa Hortaliças
Sistema de Produção, 9
ISSN 1678-880X
Fev/2021
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Doenças bacterianas
Doenças bacterianas, embora sejam, via de regra, favorecidas por ambientes de alta umidade e alta temperatura, são raramente observadas em lavouras de batata-doce, o que constata a rusticidade desta hortaliça em comparação a muitas outras do grupo das raízes e tubérculos. Merecem destaque alguns comentários em três delas.
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Podridão mole ou podridão bacteriana do caule e da raiz
É causada por uma bactéria pectolítica, pertencente ao grupo característico representado pelos gêneros Pectobacterium e Dickeya, responsáveis por produzir podridão mole em grande número de plantas carnosas, em algumas delas causando grandes perdas, como em batata, cenoura, cebola e mandioquinha salsa. Na batata-doce, é considerada doença secundária, de ocorrência esporádica no Brasil, aparentemente restrita à presença da espécie Dickeya dadantii, anteriormente conhecida como Erwinia chrysanthemi.
Seus sintomas podem ser observados na rama próxima ao solo, na forma de lesões encharcadas, mas consistem principalmente de podridão mole de cor marrom que se desenvolve a partir de ferimento na raiz, que ocorre no campo e após a colheita. É facilmente confundida com a podridão de Rhizopus, fungo que também produz podridão amolecida, mas que desenvolve rápido crescimento micelial branco e esporulação preta sob condição de alta umidade.
O controle dessa doença é basicamente preventivo: evitar ferimentos nas ramas e nas raízes; evitar solos muito argilosos ou compactados, que acumulam excesso de água na base da planta; evitar irrigação excessiva; plantar ramas obtidas de plantas sadias; evitar excesso de nitrogênio e armazenar as raízes em ambiente bem ventilado.
Superbrotamento ou vassoura de bruxa
É uma doença causada por um fitoplasma, grupo de bactérias desprovidas de parede celular e que, por isso, não têm uma forma definida. Coloniza o floema das plantas e é transmitido por algumas espécies de cigarrinhas. Atualmente, o nome mais aceito para este patógeno é Candidatus Phytoplasma aurantifolia, etiologia que pode ser confirmada por meio de testes moleculares.
O sintoma típico desta doença é o superbrotamento, ou seja, a proliferação de brotações com entre-nós curtos, folhas pequenas e eretas. Plantas com esse sintoma, quando produzem, apresentam raízes pequenas e deformadas.
O controle consiste em evitar o uso de ramas-sementes doentes, eliminação das plantas com sintomas e controlar a população de cigarrinhas, especialmente em lavouras onde são retiradas as mudas.
Murcha bacteriana e sarna comum
Essas doenças não ocorrem no Brasil, mas merecem comentário, pois são ameaças porque são causadas por gêneros de bactérias habitantes de solo que aqui encontram condições climáticas favoráveis a ponto de provocar grandes perdas em batata. Embora ocorram em outros países, sua ausência no Brasil é explicada pela ausência da espécie ou variante especializada para infectar a batata-doce. Por exemplo, a murcha bacteriana na China é causada pela raça 1, biovar 4, filotipo I de Ralstonia solanacearum, variante ainda não detectada no Brasil. Já a sarna comum é causada por Streptomyces ipomoea, uma das dezenas de espécies deste gênero associada à doença, relatada no Japão e nos EUA, porém ausente no Brasil.
O controle dessas doenças é preventivo. Por se tratarem de espécies quarentenárias ausentes no país, medidas legislativas devem ser mantidas com rigor para evitar a sua introdução em material propagativo. Em caso de suspeita da ocorrência dessas doenças em campo, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa deverá ser comunicado para a elaboração de medidas que visem a eliminação de plantas e tecidos doentes.