Manejo integrado de pragas

Conteúdo atualizado em: 08/09/2025

Autor

Eliane Dias Quintela - Embrapa Arroz e Feijão

 

Manejo Integrado de Pragas (MIP) do feijoeiro

A maneira mais racional do ponto de vista econômico, social e ambiental para controlar os insetos nocivos às culturas é o MIP que consiste na amostragem de pragas e seus inimigos naturais e na observação de níveis de ação para controle das pragas. Com a utilização dessa tecnologia, tem-se reduzido, em média, 60% a aplicação de inseticidas, com economia de 78% no custo do controle de pragas do feijoeiro.

 

Passos para a realização do MIP-Feijão

Caminhamento na lavoura e número de amostragens

O caminhamento na lavoura deve ser feito de modo que represente o melhor possível a área total, em zigue-zague. Em lavouras de até 5 ha, são realizadas quatro amostragens; até 10 ha, seis amostragens; até 30 ha, oito amostragens; até 100 ha, dez amostragens. No caso de áreas maiores que 100 ha, as parcelas deverão ser subdivididas.

Formas de amostragem

Antes da instalação da lavoura

Realizar amostragens no solo (1 m de largura x 1 m de comprimento x 5 cm de pro­fundidade) para avaliar a presença de pragas do solo. Se for constatada a presença de mais de uma lagarta com mais de 1,5 cm/m2 (elasmo, rosca, cartucho, corós ou gorgulho-do-solo), esperar que as lagartas tornem-se pupas (aproximadamente 10 dias), realizar o tratamento de sementes e aumentar o estande de plantas.

Da emergência até o estágio de 3–4 folhas trifolioladas

Proceder a marcação de 2 m na linha de plantio/ponto de amostragem e fazer o moni­toramento para cada praga ou dano:

  • Número de plantas mortas – para pragas de solo.
  • Número de insetos nas plantas por ponto de amostragem. As faces superior e infe­rior da folha devem ser viradas lentamente, para não dispersar os insetos.
  • Nível de desfolha (amostra visual), em área de raio igual a 5 m, centrada no ponto de amostragem.
  • Número de larvas-minadoras vivas por dez folhas trifolioladas em cada ponto de amostragem. Não considerar o ataque nas folhas primárias.
  • Número de tripes em 1 m de linha em cada ponto de amostragem. Efetuar duas batidas por ponto de amostragem das plantas, em placa branca de poliondas (0,5 m x 0,5 m).
  • Número de lesmas/caracóis em 1 m2 de solo em cada ponto de amostragem.
     

Após o estágio de 3–4 folhas trifolioladas

As amostragens devem ser realizadas com o pano de batida branco (1 m de comprimen­to x 0,5 m de largura), com um suporte de cada lado. O pano deve ser inserido cuidado­samente entre duas filas de feijão, para não perturbar os insetos. As plantas devem ser batidas vigorosamente sobre o pano para deslocar os insetos e inimigos naturais.

Outras pragas:

  • Lagartas (Omiodes indicata, Helicoverpa spp.) e broca-das-axilas (Epinotia aporema) – Na área do pano de batida, deve-se observar as lagartas nas axilas dos brotos terminais e nas folhas novas. Anotar o número de lagartas e plantas com a presença das lagartas.
  • Nesta etapa, também devem ser anotados os níveis de desfolha, tripes, lesmas/caracóis, larvas minadoras, como descrito anteriormente.
     

No estágio de florescimento e de formação de vagens

Nestes estágios, as amostragens devem ser direcionadas principalmente para tripes nas flores, ácaros, percevejos e lagartas-das-vagens utilizando-se o pano de batida e a rede entomológica, na seguinte ordem de amostragem:

  • Inserir o pano de batida entre duas fileiras de plantas e, sem bater as plantas sobre o pano, verificar o número de plantas com a presença de sintomas de ataque do ácaro-branco nas folhas da parte superior na área do pano de batida.
  • Bater vigorosamente as plantas sobre o pano de batida, para contagem de inse­tos e inimigos naturais.
  • Verificar presença de lagartas e/ou seus danos em vagens na área do pano de batida.
  • Verificar o número de plantas com ataque do ácaro rajado.
  • Próximo a área amostrada, verificar o número de tripes nas flores, coletando 25 flores por ponto de amostragem.
  • Amostrar o percevejo-manchador-do-grão passando-se dez vezes a rede ento­mológica sobre as plantas, próximo da área amostrada.
  • Amostrar também a broca das axilas, Helicoverpa, lagarta das folhas, larvas minadoras e os níveis de desfolha, conforme descrito anteriormente.
     

Metodologia de amostragem para ninfas e adultos da mosca-branca

A amostragem de adultos de mosca-branca será realizada em dez folíolos do ponteiro por ponto de amostragem. A avaliação de adultos deve ser realizada no período da manhã, virando-se as folhas lentamente para não dispersar os insetos e facilitar a visualização.

Para a amostragem de ninfas, coletar dez folíolos da parte baixeira ou mediana da planta de feijão e estimar o número de ninfas com o auxílio de uma lupa de bolso de 40x de aumen­to. Em cada folha, estimar o número de ninfas presentes com base na escala a seguir:

  • 0 ninfa/folha;
  • menos que 10 ninfas/folha;

  • 11–30 ninfas/folha;

  • 31–50 ninfas/folha;

  • 51–70 ninfas/folha;

  • 71–100 ninfas/folha;

  • mais de 100 ninfas/folha.

Registro das amostragens e níveis de ação

Anota-se em planilha os danos, o número de pragas e os inimigos naturais (Figura 1). Quando os níveis de ação (Tabela 1) forem atingidos, utilizar os produtos registrados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), dando preferência para aqueles mais seletivos aos inimigos naturais e que sejam menos tóxicos ao aplicador e ao meio ambiente.

Foto: Eliane Dias Quintela
Figura 1. Planilha de levantamento.