•  

    Banco Genético da Embrapa

    O Banco Genético da Embrapa (BGE) ocupa um prédio de mais de dois mil metros quadrados, divididos em dois pavimentos e abriga uma das maiores coleções mundiais de recursos genéticos. Inaugurado em abril de 2014, o BGE tem capacidade para conservar até 750 mil amostras de sementes, dez mil vegetais in vitro, além das coleções mantidas à menos 180º C, por meio de nitrogênio líquido, método conhecido como criopreservação, que manterá mais de 200 mil amostras vegetais, animais ou de microrganismos. Ao todo, o prédio dispõe de capacidade para abrigar mais de um milhão de amostras nos diferentes métodos de armazenamento: câmaras frias para conservação de sementes (-18°C); câmaras para conservação in vitro (10° e 20°C); tanques para criopreservação de estruturas vegetais, tecidos e células animais e de microrganismos (-196°C); sala climatizada para conservação de germoplasma de microrganismos liofilizados (25°C) e ultrafreezers para o armazenamento das coleções de DNA animal, vegetal e de microrganismos (-80°C).

Coleções de Base Coleções de Base

Banco Genético Animal

O Banco de Germoplasma Animal (BGA) conta com estrutura completa para a conservação de germoplasma animal em longo prazo, utilizando criotanques com abastecimento automático de nitrogênio líquido. Essa estrutura assegura a viabilidade do material genético, mantendo padrões de qualidade e reduzindo os custos de manutenção das amostras, graças à centralização no Banco Genético da Embrapa.

Além de preservar a variabilidade genética dos rebanhos conservados in situ pela Embrapa, o BGA possibilita a conservação de material genético de linhagens formadoras de raças comerciais provenientes de rebanhos parceiros. Isso aproxima a Embrapa do setor produtivo e a posiciona como referência internacional na conservação de recursos genéticos.

Banco de DNA e Tecidos Animais

Criado em 1998, o Banco de DNA e Tecidos Animais da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia tem como objetivo apoiar os trabalhos de caracterização genética das raças incluídas nos programas de conservação de recursos genéticos. Desde então, o banco vem sendo ampliado com contribuições de pesquisadores da Embrapa e de parceiros de universidades, instituições estaduais, associações de raças e criadores particulares.

O acervo inclui material genético de raças localmente adaptadas, raças comerciais e algumas espécies nativas de interesse econômico. Após a coleta, o material (sangue, sêmen, pelos, penas e outros tecidos) é enviado ao Laboratório de Genética Animal (LGA), onde é processado para posterior extração do DNA e armazenamento. As amostras são conservadas a -80 °C.

Por se tratar de armazenamento de longo prazo, exige-se DNA de alta qualidade — razão pela qual se prioriza o uso de sangue como fonte. A criação deste banco viabilizou avanços significativos nas pesquisas de caracterização genética, fornecendo o DNA necessário para análises moleculares que permitiram a determinação de parâmetros genéticos essenciais à valorização das raças localmente adaptadas.


Banco Genético de Microrganismos

O Banco de Microrganismos da Embrapa conserva, em longo prazo, duplicatas ou cópias de segurança das linhagens microbianas mantidas nas Coleções de Microrganismos formalizadas no Sistema de Curadorias da instituição. Essas coleções abrangem linhagens com funções diversas, como controle biológico de pragas, fixação biológica de nitrogênio, melhoria da fertilidade do solo, aplicações na agroindústria e patógenos de plantas e animais.

A estrutura do banco foi projetada para receber amostras purificadas, processadas e acondicionadas em criotubos padrão, prontos para armazenamento liofilizado, ultracongelado ou criopreservado em nitrogênio líquido. Atualmente, o setor de criopreservação do Banco de Microrganismos da Embrapa (BME) conta com um tanque criogênico (modelo MVE 1542R-190AF-GB), com capacidade para 42.000 amostras e alimentação automática de nitrogênio líquido. O espaço também comporta a instalação de tanques adicionais, freezers e mobiliário para amostras liofilizadas, atendendo aos requisitos de qualidade estabelecidos.


Banco Genético Vegetal

Coleção de Base de Germoplasma-Semente (Colbase)

Em 1977, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia — então denominada Centro Nacional de Recursos Genéticos (CENARGEN) — instalou sua primeira câmara de conservação de sementes, com capacidade para cerca de 7.000 amostras, mantidas a +10 °C e 25% de umidade relativa (Silva et al., 2007).

Em 1981, foi inaugurada a Coleção de Base de Germoplasma-Semente (Colbase), com uma nova estrutura de conservação a -18 °C, o que permitiu intensificar as atividades de coleta, introdução e intercâmbio de germoplasma. Nessa fase, as sementes eram armazenadas em latas de alumínio.

Com a instalação de cinco câmaras frias em 1992, a capacidade foi ampliada para cerca de 180.000 acessos. Posteriormente, com a construção do Banco Genético, foram instaladas quatro novas câmaras frias, possibilitando a conservação de até 600.000 amostras. Há ainda infraestrutura prevista para a instalação de mais duas câmaras, o que permitirá atingir a capacidade de 900.000 amostras.

As sementes conservadas na Colbase são dessecadas até atingirem 5% de umidade e armazenadas a -18 °C, o que garante sua viabilidade por décadas — ou até séculos. Trata-se de uma das maiores coleções de sementes do mundo.

Coleção In Vitro

A conservação in vitro emprega técnicas de cultivo de tecidos para preservar espécies cujas sementes são sensíveis à dessecação e ao congelamento (sementes recalcitrantes), aquelas de propagação vegetativa ou que não produzem sementes.

São cultivados meristemas e ápices caulinares in vitro, aplicando-se protocolos de crescimento lento com o uso de reguladores hormonais, redução da concentração de nutrientes, da intensidade luminosa e da temperatura, visando prolongar a conservação.

Coleção Criogênica de Germoplasma Vegetal

A criopreservação — conservação de material biológico em nitrogênio líquido (-196 °C) ou na fase de vapor (-150 °C) — é uma estratégia eficaz para espécies clonais, com sementes recalcitrantes ou intermediárias. Também é possível conservar sementes viáveis em condições criogênicas.

As estruturas vegetativas e reprodutivas comumente criopreservadas incluem: sementes, meristemas, ápices caulinares, gemas dormentes (axilares), pólen e embriões somáticos ou zigóticos.

A equipe do Banco Genético desenvolveu metodologias específicas de criopreservação para diversas espécies, que serão aplicadas na implantação do Crioveg — estrutura equipada com três criotanques, com capacidade para conservar mais de 250.000 acessos.

Coleção de DNA Vegetal

A conservação de DNA genômico representa uma valiosa reserva de informação genética, permitindo o aproveitamento contínuo de investimentos em coletas e pesquisas, inclusive em estudos não previstos originalmente.

O Banco de DNA Vegetal da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia foi implementado em 2009 com esse objetivo. A extração do DNA é feita com base em um protocolo modificado do método clássico com tampão CTAB 2% (brometo de cetiltrimetilamônio), adaptado para diferentes composições de espécies vegetais.

As extrações são realizadas no Laboratório de Genética Vegetal, visando a obtenção de DNA genômico de alta pureza e qualidade, adequado à conservação de longo prazo. A quantificação e a avaliação da pureza são feitas por espectrofotometria, e a integridade das amostras é verificada por eletroforese em gel de agarose. As amostras são armazenadas em freezers a -80 °C.