Publicações da Embrapa orientam o controle de doenças no trigo
Publicações da Embrapa orientam o controle de doenças no trigo
Rede de Ensaios Cooperativos avalia fungicidas em todas as regiões tritícolas
A semeadura do trigo no Brasil é concentrada nos meses de maio e junho. Para orientar o manejo fitossanitário na cultura, a Embrapa Trigo lançou uma série de documentos com informações sobre as principais doenças e formas de controle. O trabalho faz parte da Rede de Ensaios Cooperativos, que reúne empresas e instituições na avaliação de alternativas de controle químico das doenças no trigo.
De acordo com o pesquisador Anderson Ferreira, coordenador da Rede de Ensaios Cooperativos em Trigo, o grupo reúne diversas instituições de pesquisa e empresas de fungicidas, visando avaliar a eficácia de produtos (registrados ou em fase de registro) para o controle de doenças no trigo. “O trabalho é realizado anualmente, com ensaios instalados no campo nas principais regiões produtoras de trigo, onde são avaliados os produtos com melhor resposta no controle das doenças que ocorrem naquele ambiente”, explica Anderson, destacando que a diversidade de pesquisadores envolvidos qualifica os dados, evitando resultados tendenciosos e orientando para o controle mais eficiente.
Para a fitopatologista Cheila Sbalcheiro, a constante atualização dos resultados é um dos destaques dos ensaios em rede. A periodicidade anual na realização dos ensaios, segundo ela, permite acompanhar o desempenho das moléculas que compõem os produtos quanto a sua eficiência frente aos patógenos, avaliar a indicação de novos produtos e monitorar mudanças nas reações das doenças nas cultivares. “Um exemplo é a brusone no trigo tropical, que antes atacava preferencialmente as espigas e passou a ocorrer com maior frequência também nas folhas, exigindo diferentes estratégias de manejo da cultura”.
As publicações lançadas recentemente orientam como reduzir perdas por doenças no trigo desde o tratamento de sementes, passando pelas manchas foliares até as doenças de espiga. Veja abaixo as publicações que já estão disponíveis no site da Embrapa Trigo em https://www.embrapa.br/trigo/pesquisa/ensaios-cooperativos:
Eficiência de fungicidas no tratamento de sementes
O tratamento de sementes com fungicidas é uma estratégia de controle de doenças que atacam principalmente as plantas nas fases iniciais de desenvolvimento, causando danos nas raízes e em folhas, comprometendo o estabelecimento uniforme da cultura. Diversas doenças de importância econômica para cultura do trigo são causadas por patógenos transmitidos via semente, como mancha-amarela, mancha-marrom, septoriose ou mancha da gluma, carvão do trigo, brusone, giberela ou fusariose. Sementes oriundas de lavouras que apresentaram doenças foliares e/ou de espiga podem carregar patógenos contaminantes que serão transmitidos para a nova lavoura no momento da semeadura. Em áreas sob monocultura de trigo ou de culturas que compartilham doenças de mesmo agente patogênico, como milho, triticale, centeio e cevada, o tratamento de sementes é crucial para o início de uma boa lavoura, assim como para cultivares mais suscetíveis a manchas foliares. Também é importante utilizar esta estratégia em sementes originadas de plantas de cultivos expostos a condições de alta umidade, com incidência de giberela, brusone e manchas foliares.
Com o objetivo de avaliar a eficiência de fungicidas no tratamento de sementes para o controle de patógenos de trigo, foram realizados seis ensaios no RS e no PR, utilizando sementes da safra 2023 originárias de diferentes regiões tritícolas brasileiras e isolados de fungos causadores de giberela e mancha amarela. Todos os fungicidas testados apresentaram controle sobre os patógenos. Os fungicidas que apresentaram melhores níveis de controle foram as misturas contendo benzimidazois, para giberela, e a mistura com fluxapiroxade e mefentrifluconazol, para mancha amarela. Os fungicidas piraclostrobina + tiofanato-metílico + fipronil e o tiofanato-metílico + fluazinam foram boas opções para controle equilibrado de ambos os patógenos, com eficiência de controle superior a 85%.
Eficiência de fungicidas para controle de oídio
O oídio do trigo é uma das primeiras doenças a surgir na lavoura, logo após a emergência das plantas. Causado por um fungo biotrófico, necessita de tecido vivo do hospedeiro para se desenvolver. O progresso da doença é rápido devido às características do fungo de apresentar ciclos de vida curtos e múltiplos numa mesma safra. As principais estratégias de controle são o uso de cultivares resistentes, tratamento de semente e aplicação de fungicidas na parte aérea das plantas.
Visando indicar o melhor controle de oídio do trigo, foram conduzidos 11 ensaios na safra 2024 na Região Sul, utilizando cultivares com diferentes reações de resistência/suscetibilidade ao oídio. Todos os fungicidas avaliados na safra 2024 foram alternativas viáveis a serem consideradas no controle da doença. Os tratamentos contendo tetraconazol + azoxistrobina + tebuconazol e clorotalonil e o tratamento com tetraconazol isolado destacaram-se pela maior eficiência no controle da doença.
Eficiência de fungicidas para manchas foliares
A cultura do trigo é afetada por um grupo de fungos causadores de manchas foliares, entre os quais se destacam os causadores da mancha amarela, mancha marrom e mancha da gluma. Esses patógenos podem ocorrer de forma isolada ou conjunta, causando perdas de produtividade.
Para avaliar a eficiência de diferentes fungicidas para o controle de manchas foliares, a rede de ensaios cooperativos conduziu 14 ensaios (sete no Rio Grande do Sul, cinco no Paraná, um em Minas Gerais e um no Distrito Federal), sob infecção natural em campo. Nos ensaios, foram usadas cultivares com diferentes reações de resistência/suscetibilidade às manchas foliares e adaptadas às regiões do ensaio. Os tratamentos fungicidas englobaram diferentes princípios ativos, associados num mesmo produto e/ou em combinação de mais de um produto comercial. Todos os fungicidas testados, nas condições dos ensaios, com três aplicações sequenciais, demonstraram eficácia no controle de manchas foliares no trigo, com destaque para o produto contendo propiconazol + azoxistrobina + pidiflumetofem.
Mancha Amarela - Mancha da Gluma - Mancha Marrom
Eficiência de fungicidas para o controle da brusone
A brusone do trigo é uma das principais doenças da cultura, especialmente nas áreas tritícolas do Brasil Central e nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul. As principais estratégias de controle são o manejo integrado da doença, com o uso de cultivares resistentes, tratamento de sementes, semeadura em época adequada, adubação equilibrada e aplicação de fungicidas na parte aérea das plantas.
A Rede de Ensaios Cooperativos conduziu ensaios padronizados, na safra 2024, em Palmeira/PR e em Paranapanema/SP, utilizando uma cultivar por local, com diferentes reações de resistência/suscetibilidade à brusone. Os ingredientes ativos testados foram: trifloxistrobina; tebuconazol; mancozebe; azoxistrobina; flutriafol; e tiofanato-metílico, sozinhos ou em misturas. Todos os fungicidas avaliados causaram redução da brusone nas espigas, em diferentes níveis de controle da doença.
Controle de Giberela

A giberela é a principal doença que afeta a cultura do trigo na Região Sul. A doença ocorre a partir do espigamento do trigo e compromete o rendimento e a qualidade dos grãos em anos de epidemias, como em 2023, quando a chuva e as temperaturas mais altas favoreceram a presença da giberela nas lavouras.
Um documento de referência para o setor produtivo é o Ensaio estadual de cultivares de trigo 2023, avaliação de giberela em Passo Fundo/RS, que verificou a reação de 30 cultivares de trigo à giberela na safra 2023. O estudo avaliou a incidência e a severidade da giberela nas principais cultivares disponíveis no mercado.
A publicação sobre a eficiência dos fungicidas para controle de giberela, a partir dos resultados dos ensaios conduzidos na última safra, deverá estar disponível nos próximos dias. No momento, está disponível o documento Eficiência de fungicidas para controle de giberela do trigo: Rede de Ensaios Cooperativos, safra 2023.
Joseani M. Antunes (MTb 9693/RS)
Embrapa Trigo
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