Embrapa Agroindústria Tropical
Vitrine tecnológica de cultivo protegido de hortaliças recebe mais de 200 visitantes da Serra de Ibiapaba
Um público de 210 pessoas, incluindo produtores rurais, profissionais da extensão rural, gestores de empresas hortifruti, professores e estudantes de diferentes municípios da Serra de Ibiapaba, conferiu resultados práticos do cultivo protegido de hortaliças com uso de estufas, durante Noite de Campo (13 de junho) e Dia de Campo (14), na vitrine tecnológica instalada no município de Guaraciaba do Norte. Realizadas pela Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza/CE), em parceria com a empresa Forteagro, as atividades demonstraram como o cultivo em ambiente controlado pode melhorar a produtividade de tomate, pimentão colorido e folhosas, tornar o controle de pragas e doenças mais efetivo, com redução do uso de agroquímicos, e contribuir para uma produção mais sustentável.
Alinhadas ao início da primeira colheita do tomate na vitrine tecnológica, as atividades permitiram aos participantes comprovar a eficiência do cultivo protegido na produtividade e qualidade dos frutos. A visitação à vitrine tecnológica foi realizada em grupo de 30 pessoas por vez. “Destacamos aspectos da implantação e manejo das culturas e o sistema de irrigação e fertirrigação que compõe a tecnologia, que calcula as quantidades exatas de água e fertilizantes que a planta precisa e realiza as aplicações conforme a necessidade, de forma automatizada. A alta precisão nos cálculos evita desperdício de água e insumos, com economia para o produtor e benefícios para o meio ambiente”, explica o pesquisador Marlos Bezerra, responsável por acompanhar o trabalho em Guaraciaba.
A vitrine tecnológica para demonstração do cultivo protegido de hortaliças é fruto da parceria formalizada há um ano com a Forteagro, empresa do ramo agropecuário. A Embrapa participa com o conhecimento técnico, fornecendo os projetos das estufas e do sistema de irrigação e fertirrigação, e orientando desde a instalação dos equipamentos e implantação das culturas, até a fase de produção, por meio de visitas presenciais realizadas quinzenalmente e da interação online cotidiana com a equipe da Forteagro, e o parceiro assume os custos de implantação da tecnologia e da mão de obra necessária para condução dos cultivos nas estufas.
Tecnologia estratégica para a região
O produtor Samuel Sales Lima, morador de São Benedito, classificou a tecnologia como uma experiência surpreendente. Para ele, que sempre cultivou hortaliças em campo aberto, o sistema de cultivo protegido se diferencia tanto pela sanidade das plantas e qualidade dos frutos, como pelo modelo inovador de irrigação. “Vir aqui e comprovar que é possível produzir de outra forma é uma experiência motivadora. Como a região tem tradição no cultivo de hortaliças, essa tecnologia é estratégica para a produção local e, certamente, despertará o interesse de produtores com maior escala de produção. Em médio e longo prazo, posso pensar em buscar apoio para implantar o cultivo protegido na minha propriedade”, afirma.
Aluno do terceiro período de agronomia da Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA), Campus São Benedito, e também produtor rural, Jonathan Isaias Viana acredita que o cultivo protegido é uma maneira eficiente de garantir uma produção de hortaliças com qualidade, especialmente o tomate, que é uma cultura muito sensível a pragas e doenças. Entretanto, pondera que a tecnologia tem custo elevado, principalmente as estufas, e o pequeno produtor precisa de apoio para a sua adoção.
“A tecnologia é viável, mas para adoção em larga escala é necessário dispor de linhas de crédito específicas, para viabilizar esse investimento em pequenas propriedades. Precisamos cada vez mais de conhecimentos tecnológicos para garantir a produção sustentável de alimentos. Lidamos continuamente com a presença de pragas e doenças no campo e com a necessidade de controle químico, enquanto o consumidor está buscando alimentos de qualidade e livres de agrotóxicos. O cultivo protegido de hortaliças é uma alternativa eficiente para obter uma produção mais saudável e sustentável”, destaca o estudante.
Na opinião do professor Tayd Deivison Custódio Peixoto, coordenador adjunto do curso de agronomia da UVA, Campus São Benedito, o sistema de cultivo protegido de hortaliças tem grande potencial de aplicação na região, considerando a importância da produção e as condições climáticas propícias para as culturas. Há muitos investimentos nesse modelo de produção na Serra de Ibiapaba, no entanto, ver na prática a organização, a estrutura do sistema e as vantagens dessa tecnologia, como a redução drástica do uso de água, fertilizantes e defensivos agrícolas, pode contribuir para a adoção desse sistema de cultivo entre produtores da região.
“Além disso, a vitrine tecnológica é um amplo espaço de aprendizado para estudantes, permitindo aliar a teoria da sala de aula com a prática. Experiências desse tipo são oportunidades ricas para novos conhecimentos no processo de qualificação profissional é que eles têm a oportunidade de atuar na região", esclarece Peixoto, ressaltando, ainda, que a agricultura da Serra de Ibiapaba tem importância estratégica para a economia do estado do Ceará, mas a região carece de políticas públicas para acesso a tecnologias para o desenvolvimento da produção e aproveitamento de todo o seu potencial agrícola.
Para Laiane Fernandes, gerente comercial da empresa Hidrofolhas, sediada no município de Tianguá, o que mais chama a atenção na tecnologia de cultivo protegido de hortaliças, desenvolvida pela Embrapa, é a dinâmica de fornecimento de nutrientes para as plantas. “O sistema de fertirrigaçação automatizado confere maior segurança aos cultivos e assertividade na produção. É importante que todos os produtores da região conheçam essa tecnologia e busquem meios para adoção, já que os benefícios são inúmeros e o retorno garantido. Buscamos tecnologias inovadoras para facilitar o processo produtivo, reduzir custos e garantir produtos de qualidade para o consumidor. Conhecer essa tecnologia pode agregar melhorias ao nosso trabalho”, afirma.
Disseminação da tecnologia
Para Gutemberg Pinto, proprietário da Forteagro, poder reunir um público tão diverso para mostrar a tecnologia foi uma experiência gratificante. “Queremos expandir o cultivo protegido de hortaliças para toda a região de Ibiapaba. Por meio da vitrine tecnológica podemos alcançar diferentes objetivos, desde a disseminação da tecnologia, o uso do espaço para aprendizagem de produtores, técnicos e outros público de interesse, até a comercialização, pela Forteagro, das estufas, do sistema de irrigação e todos os insumos necessários para implantação do sistema de cultivo protegido e produção de hortaliças”, destaca.
Pinto acredita que tanto a disseminação do conhecimento tecnológico como o aspecto comercial que envolvem a tecnologia se alinham à necessidade de aumentar a produtividade de hortaliças em áreas menores, reduzir o custo com mão de obra na atividade, hoje considerado um problema para os agricultores, diminuir o uso de defensivos nas culturas e viabilizar o uso racional de água e fertilizantes na produção. “Tudo isso se materializa em eficiência produtiva e aumento da lucratividade nas culturas, resultado que todo produtor almeja. Ainda não concluímos a primeira safra de tomate aqui na vitrine, mas já observamos um rendimento bem maior do que em campo aberto”, ressalta o empresário, que pretende expandir a tecnologia na região de Ibiapaba.
Segundo o chefe-geral da Embrapa Agroindústria Tropical, Gustavo Saavedra, o cultivo protegido de hortaliças integra as pesquisas da Unidade há 15 anos e tem sido aperfeiçoado ao longo desse tempo. O atual sistema agregou conceitos de produtividade agrícola e sustentabilidade ambiental, especialmente em relação à maior eficiência no uso da água e de nutrientes, que resultam em sustentabilidade econômica para o produtor. A tecnologia foi transferida para a Forteagro, que vai atuar na disseminação desse conhecimento entre os produtores da região de Ibiapaba e no suporte necessário para a sua adoção.
“O trabalho de divulgação da tecnologia também permitirá ao parceiro vender um pacote tecnológico que envolve conceitos de produção sustentável, equipamentos, insumos, serviços de instalação e assistência técnica. Esse tipo de parceria é estratégica por envolver benefícios mútuos. Ganha a Embrapa, com a divulgação dos conhecimentos gerados pela pesquisa, ganha a empresa parceira, com a captação de novos clientes, e ganham os produtores, que poderão adotar a tecnologia e contar com maior produtividade e lucratividade na atividade”, enfatiza o gestor.
Diva Gonçalves (Mtb-0146/AC)
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