18/06/25 |   Transferência de Tecnologia

Vitrine tecnológica de cultivo protegido de hortaliças recebe mais de 200 visitantes da Serra de Ibiapaba

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Foto: Diva Gonçalves

Diva Gonçalves -

Um público de 210 pessoas, incluindo produtores rurais, profissionais da extensão rural, gestores de empresas hortifruti, professores e estudantes de diferentes municípios da Serra de Ibiapaba, conferiu resultados práticos do cultivo protegido de hortaliças com uso de estufas, durante Noite de Campo (13 de junho) e Dia de Campo (14), na vitrine tecnológica instalada no município de Guaraciaba do Norte. Realizadas pela Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza/CE), em parceria com a empresa Forteagro, as atividades demonstraram como o cultivo em ambiente controlado pode melhorar a produtividade de tomate, pimentão colorido e folhosas, tornar o controle de pragas e doenças mais efetivo, com redução do uso de agroquímicos, e contribuir para uma produção mais sustentável.

Alinhadas ao início da primeira colheita do tomate na vitrine tecnológica, as atividades permitiram aos participantes comprovar a eficiência do cultivo protegido na produtividade e qualidade dos frutos. A visitação à vitrine tecnológica foi realizada em grupo de 30 pessoas por vez. “Destacamos aspectos da implantação e manejo das culturas e o sistema de irrigação e fertirrigação que compõe a tecnologia, que calcula as quantidades exatas de água e fertilizantes que a planta precisa e realiza as aplicações conforme a necessidade, de forma automatizada. A alta precisão nos cálculos evita desperdício de água e insumos, com economia para o produtor e benefícios para o meio ambiente”, explica o pesquisador Marlos Bezerra, responsável por acompanhar o trabalho em Guaraciaba.

A vitrine tecnológica para demonstração do cultivo protegido de hortaliças é fruto da parceria formalizada há um ano com a Forteagro, empresa do ramo agropecuário. A Embrapa participa com o conhecimento técnico, fornecendo os projetos das estufas e do sistema de irrigação e fertirrigação, e orientando desde a instalação dos equipamentos e implantação das culturas, até a fase de produção, por meio de visitas presenciais realizadas quinzenalmente e da interação online cotidiana com a equipe da Forteagro, e o parceiro assume os custos de implantação da tecnologia e da mão de obra necessária para condução dos cultivos nas estufas.

 

Tecnologia estratégica para a região

O produtor Samuel Sales Lima, morador de São Benedito, classificou a tecnologia como uma experiência surpreendente. Para ele, que sempre cultivou hortaliças em campo aberto, o sistema de cultivo protegido se diferencia tanto pela sanidade das plantas e qualidade dos frutos, como pelo modelo inovador de irrigação. “Vir aqui e comprovar que é possível produzir de outra forma é uma experiência motivadora. Como a região tem tradição no cultivo de hortaliças, essa tecnologia é estratégica para a produção local e, certamente, despertará o interesse de produtores com maior escala de produção.  Em médio e longo prazo, posso pensar em buscar apoio para implantar o cultivo protegido na minha propriedade”, afirma.

Aluno do terceiro período de agronomia da Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA), Campus São Benedito, e também produtor rural, Jonathan Isaias Viana acredita que o cultivo protegido é uma maneira eficiente de garantir uma produção de hortaliças com qualidade, especialmente o tomate, que é uma cultura muito sensível a pragas e doenças. Entretanto, pondera que a tecnologia tem custo elevado, principalmente as estufas, e o pequeno produtor precisa de apoio para a sua adoção.

“A tecnologia é viável, mas para adoção em larga escala é necessário dispor de linhas de crédito específicas, para viabilizar esse investimento em pequenas propriedades. Precisamos cada vez mais de conhecimentos tecnológicos para garantir a produção sustentável de alimentos. Lidamos continuamente com a presença de pragas e doenças no campo e com a necessidade de controle químico, enquanto o consumidor está buscando alimentos de qualidade e livres de agrotóxicos. O cultivo protegido de hortaliças é uma alternativa eficiente para obter uma produção mais saudável e sustentável”, destaca o estudante.

Na opinião do professor Tayd Deivison Custódio Peixoto, coordenador adjunto do curso de agronomia da UVA, Campus São Benedito, o sistema de cultivo protegido de hortaliças tem grande potencial de aplicação na região, considerando a importância da produção e as condições climáticas propícias para as culturas. Há muitos investimentos nesse modelo de produção na Serra de Ibiapaba, no entanto, ver na prática a organização, a estrutura do sistema e as vantagens dessa tecnologia, como a redução drástica do uso de água, fertilizantes e defensivos agrícolas, pode contribuir para a adoção desse sistema de cultivo entre produtores da região.

“Além disso, a vitrine tecnológica é um amplo espaço de aprendizado para estudantes, permitindo aliar a teoria da sala de aula com a prática. Experiências desse tipo são oportunidades ricas para novos conhecimentos no processo de qualificação profissional é que eles têm a oportunidade de atuar na região", esclarece Peixoto, ressaltando, ainda, que a agricultura da Serra de Ibiapaba tem importância estratégica para a economia do estado do Ceará, mas a região carece de políticas públicas para acesso a tecnologias para o desenvolvimento da produção e aproveitamento de todo o seu potencial agrícola.

Para Laiane Fernandes, gerente comercial da empresa Hidrofolhas, sediada no município de Tianguá, o que mais chama a atenção na tecnologia de cultivo protegido de hortaliças, desenvolvida pela Embrapa, é a dinâmica de fornecimento de nutrientes para as plantas. “O sistema de fertirrigaçação automatizado confere maior segurança aos cultivos e assertividade na produção. É importante que todos os produtores da região conheçam essa tecnologia e busquem meios para adoção, já que os benefícios são inúmeros e o retorno garantido.  Buscamos tecnologias inovadoras para facilitar o processo produtivo, reduzir custos e garantir produtos de qualidade para o consumidor. Conhecer essa tecnologia pode agregar melhorias ao nosso trabalho”, afirma.

 

Disseminação da tecnologia

Para Gutemberg Pinto, proprietário da Forteagro, poder reunir um público tão diverso para mostrar a tecnologia foi uma experiência gratificante. “Queremos expandir o cultivo protegido de hortaliças para toda a região de Ibiapaba. Por meio da vitrine tecnológica podemos alcançar diferentes objetivos, desde a disseminação da tecnologia, o uso do espaço para aprendizagem de produtores, técnicos e outros público de interesse, até a comercialização, pela Forteagro, das estufas, do sistema de irrigação e todos os insumos necessários para implantação do sistema de cultivo protegido e produção de hortaliças”, destaca.

Pinto acredita que tanto a disseminação do conhecimento tecnológico como o aspecto comercial que envolvem a tecnologia se alinham à necessidade de aumentar a produtividade de hortaliças em áreas menores, reduzir o custo com mão de obra na atividade, hoje considerado um problema para os agricultores, diminuir o uso de defensivos nas culturas e viabilizar o uso racional de água e fertilizantes na produção. “Tudo isso se materializa em eficiência produtiva e aumento da lucratividade nas culturas, resultado que todo produtor almeja. Ainda não concluímos a primeira safra de tomate aqui na vitrine, mas já observamos um rendimento bem maior do que em campo aberto”, ressalta o empresário, que pretende expandir a tecnologia na região de Ibiapaba.

Segundo o chefe-geral da Embrapa Agroindústria Tropical, Gustavo Saavedra, o cultivo protegido de hortaliças integra as pesquisas da Unidade há 15 anos e tem sido aperfeiçoado ao longo desse tempo. O atual sistema agregou conceitos de produtividade agrícola e sustentabilidade ambiental, especialmente em relação à maior eficiência no uso da água e de nutrientes, que resultam em sustentabilidade econômica para o produtor. A tecnologia foi transferida para a Forteagro, que vai atuar na disseminação desse conhecimento entre os produtores da região de Ibiapaba e no suporte necessário para a sua adoção.

“O trabalho de divulgação da tecnologia também permitirá ao parceiro vender um pacote tecnológico que envolve conceitos de produção sustentável, equipamentos, insumos, serviços de instalação e assistência técnica. Esse tipo de parceria é estratégica por envolver benefícios mútuos. Ganha a Embrapa, com a divulgação dos conhecimentos gerados pela pesquisa, ganha a empresa parceira, com a captação de novos clientes, e ganham os produtores, que poderão adotar a tecnologia e contar com maior produtividade e lucratividade na atividade”, enfatiza o gestor.

Diva Gonçalves (Mtb-0146/AC)
Embrapa Agroindústria Tropical

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