Médicos-veterinários participam de Congresso Mundial de Parasitologia Veterinária
Médicos-veterinários participam de Congresso Mundial de Parasitologia Veterinária
Os médicos-veterinários Renato Andreotti e Thadeu Barros participaram da 30a Conferência da Associação Mundial para o Avanço da Parasitologia Veterinária (WAAVP 2025), em Curitiba (PR), entre os dias 17 e 21 de agosto. Andreotti participou do lançamento de uma publicação da FAO, na qual é colaborador; e Barros foi palestrante em um dos simpósios da Conferência.
Durante o Simpósio “O que sabemos sobre os surtos na América Central e do Norte e o que esperar?”, Barros levou informações sobre a mosca-da-bicheira (Cochliomyia hominivorax) no continente americano. O enfoque do evento foram os recentes surtos da mosca na América Central e no México, e Barros teve a companhia do professor Roger Ivan Rodrigues-Vivas da Universidade Autônoma de Yucatán (México) no debate.
A mosca-da-bicheira voltou a ser um problema na região, após mais de duas décadas de erradicação e aproximadamente 1 (hum) bilhão de dólares americanos investidos. Entretanto, em cerca de dois anos, com a fragilidade da barreira sanitária no istmo de Darién (Panamá), as áreas livres foram rapidamente reinfestadas.
Para Barros, o ressurgimento dos surtos foi multifatorial. A redução na produção de moscas estéreis, a falta de recursos humanos e financeiros emergenciais, o trânsito de pessoas e animais e, por fim, a pandemia de Covid-19 foram fatores que enfraqueceram a barreira sanitária existente no Panamá e a capacidade de reação nos primeiros sinais do problema, permitindo a invasão das moscas a partir da Colômbia.
A América do Sul sempre foi considerada uma área de grande risco, mas a proposta de erradicar a mosca desta região é inviável, por inúmeros motivos. A começar pelo Brasil, que representa quase metade da América do Sul, faz fronteira com dez países, possui características continentais e um mar em forma de floresta, a Amazônia, que representa quase 60% do país.
Ele e outros parasitologistas brasileiros não enxergam essa estratégia possível. “Uma iniciativa de erradicação na América do sul, com uma área várias vezes maior que a da América Central e México juntas, poderia levar mais de dois séculos para ser concluída e vários bilhões de dólares”, afirma Barros.
O caminho, segundo o pesquisador, é o controle do inseto, não sua erradicação. Entretanto, há uma grande carência de especialistas em entomologia veterinária no país. Atualmente, Barros se dedica a estudos com a mosca-dos-estábulos e mosca-dos-chifres.
Carrapatos e diretrizes
Membro de um grupo de especialistas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a qual discute o controle do carrapato e o desenvolvimento da resistência aos acaricidas, o pesquisador Renato Andreotti também esteve presente na WAAVP 2025.
Ao lado de outros cinco especialistas brasileiros, Andreotti participou como colaborador das Diretrizes para o Controle Sustentável de Carrapatos e Gestão da Resistência a Carrapaticidas em Animais de Produção, elaborado pela FAO e Fundação Gates, e lançado na Conferência.
A publicação é uma resposta ao crescente risco de doenças transmitidas por carrapatos e servirá como subsídio para a formulação de políticas públicas e estratégias práticas de implementação. Andreotti conta que o documento é uma atualização de 2002 e demorou dois anos para sua conclusão. Para ele, é importante a Embrapa colaborar como parceira na construção dessas políticas públicas, considerando a expertise de seus profissionais.
As Diretrizes estão disponíveis nos canais oficiais da FAO e incluem orientações detalhadas sobre biologia dos carrapatos, transmissão de agentes de doenças, impactos econômicos, estratégias de manejo integrado, monitoramento de resistência e abordagens intersetoriais de saúde (One Health).
O parasitologista ainda apresentou a publicação “Carrapatos - Bioma Cerrado”, lançada em março deste ano na Dinapec 2025, na qual o pesquisador em biologia molecular, e o microbiologista, Marcos Valério Garcia, trouxeram 20 anos de pesquisa sobre carrapatos e os patógenos transmitidos por eles. A publicação é a quarta de uma série iniciada em 2013, e, desta vez, foca no cerrado brasileiro.
Os 18 capítulos atualizam os conhecimentos sobre a bioecologia do carrapato, os patógenos transmitidos, a resistência aos acaricidas, o perfil genético da sensibilidade dos bovinos, as diferentes formas de controle e os impactos econômicos provocados pelos carrapatos na região.
Dalízia Aguiar (MTb 28/03/14/MS)
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