A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF) realizou, na última semana de junho, a entrega de 110 mudas de tamareira importadas dos Emirados Árabes Unidos. As plantas passaram por análises sanitárias na Estação Quarentenária da Unidade e foram distribuídas entre o estado da Bahia, que recebeu 100 mudas, e o Palácio da Alvorada, que recebeu 10. As mudas chegaram ao Brasil em setembro de 2024 e ficaram em quarentena por cerca de 10 meses para impedir a entrada de pragas exóticas no País. A entrega marca o início de um projeto de cooperação internacional com potencial para transformar a agricultura no semiárido baiano. O acordo foi firmado durante uma visita oficial do então governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, aos Emirados Árabes Unidos. O país do Oriente Médio doou as mudas e propôs apoio técnico, além de um plano para instalar uma indústria de beneficiamento de tâmaras na Bahia, com potencial para abastecer o mercado latino-americano e, futuramente, o norte-americano. O engenheiro agrônomo Paulo Sérgio Menezes Luz, diretor-geral da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), explica que as mudas estão no oeste do estado, onde serão distribuídas para os municípios de Riachão das Neves, São Gabriel, Presidente Dutra e Ipecaetá. De acordo com ele, o projeto tem dois focos: “Produtores com infraestrutura tecnológica já instalada e, num segundo momento, agricultores familiares. Nosso objetivo é transformar essa cultura em uma alternativa econômica sólida e duradoura para o semiárido”, comentou. “Quando essas mudas começarem a produzir, em dois ou três anos, entraremos na fase de beneficiamento industrial das frutas. A expectativa é de atender parte das mil toneladas de tâmaras que o Brasil consome por ano”, explicou Paulo Sérgio. A pesquisadora Eloisa Belleza, da Embrapa, ressaltou que, com técnicas modernas, é possível obter colheitas comerciais em até três anos, muito muito menos do que os 80 a 100 anos que as tamareiras podem levar para frutificar naturalmente, em condições desfavoráveis. Acompanhamento Com a entrega concluída, começa o acompanhamento do desenvolvimento das mudas em solo brasileiro, com atenção especial à adaptação das 12 variedades trazidas do exterior. A expectativa é de que, além de impulsionar a economia regional, o projeto fortaleça a imagem do Brasil como polo de inovação agrícola em parceria com outros países. No Palácio da Alvorada, a entrega das 10 mudas foi recebida com entusiasmo. Segundo o administrador da residência oficial da Presidência da República, Moacir Bortolozo, as plantas foram incorporadas ao pomar institucional, que conta com outras tamareiras. Está prevista a chegada de uma segunda remessa de tâmaras ao Brasil, com 10 mil mudas, que atualmente está em análise de risco pelo Ministério da Agricultura. Segundo o pesquisador Norton Polo Benito, a quarentena é fundamental para proteger o patrimônio agrícola nacional. “Todo material vegetal importado passa por análises minuciosas para identificar fungos, vírus, bactérias, insetos e ácaros antes de ser liberado. Coletamos amostras, analisamos em laboratório e só então, se estiver tudo certo, a entrada das plantas no País é autorizada pelo Ministério da Agricultura”, explicou. *Estagiário sob a supervisão de Eduardo Pinho.