07/07/25 |   Comunicação

Referência nas pesquisas com o pessegueiro se desliga da Embrapa Clima Temperado

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Foto: Paulo Lanzetta

Paulo Lanzetta -

Após décadas de estudos, dedicação, expectativas e uma vida de rotina junto aos pomares da Embrapa e de produtores parceiros, Maria do Carmo Bassols Raseira encerra suas atividades como pesquisadora ligada à Empresa. No dia 7 de julho, depois de completar 51 anos de trabalho, faz uso de sua aposentadoria oficialmente, mas segue em frente com a sua vida familiar e sua paixão pela fruticultura de clima temperado. A pesquisadora é uma das maiores referências no melhoramento genético e no manejo das culturas do pessegueiro, nectarineira e amoreira.

Maria do Carmo possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) (1968), mestrado em horticultura pela University of Arkansas (1973) e doutorado em Plant Science, também pela University Of Arkansas (1985). De 1968 a 1973, trabalhou na Estação Experimental de Pelotas, do Ministério da Agricultura, até integrar a Embrapa. Desde 1974 atuava como pesquisadora da Empresa, com ênfase em melhoramento vegetal, principalmente de frutas de caroço. 

Legados de uma longa trajetória

Ao longo de sua trajetória, Maria do Carmo participou do desenvolvimento e lançamento de 100% das cultivares de pessegueiro do tipo conserva utilizadas atualmente pelas indústrias e entre 90 e 95% das cultivares para consumo fresco. Esses materiais possibilitaram ampliar a janela de produção e de comercialização nas regiões produtoras, bem como viabilizar o cultivo de frutas de caroço em novas regiões.

Também liderou os projetos de melhoramento genético e foi curadora dos Bancos Ativos de Germoplasma (BAG) de prunóideas. Além disso, contribuiu com a formação de inúmeros profissionais da área, tendo sido orientadora nos cursos de pós-graduação de Fruticultura de Clima Temperado e de Melhoramento Genético Vegetal da UFPel.

Reconhecimentos

Ao todo, conquistou mais de doze distinções e reconhecimentos. Em 1989, recebeu o importante prêmio Frederico de Menezes Veiga, concedido pela Embrapa; e mais recentemente, em 2023, o prêmio Ernesto Paterniani, concedido pela primeira vez a uma mulher, que reconhece profissionais que trabalham com o melhoramento de plantas.

No mesmo ano, também tomou posse como membro da Academia Brasileira de Ciências Agronômicas (ABCA). E, em 2024, foi homenageada durante o 4º Encontro Estadual de Frutas de Caroço, realizado no Salão Paroquial de Pinto Bandeira (RS). O reconhecimento foi concedido pela Associação dos Produtores de Frutas do município (Asprofruta) por sua dedicação e contribuições ao melhoramento genético de frutas de caroço em âmbito estadual e nacional. 

Relevância com humildade

De temperamento determinado, fala mansa e olhar esperançoso, a pesquisadora é reconhecida por ser uma autoridade no melhoramento de frutas de caroço. Mas, sua humildade e coragem em enfrentar as adversidades de seu tempo a levaram a sempre atuar junto de equipes de trabalho valorosas.

Assim, em todas as suas manifestações públicas, reconhece que não merece distinções e homenagens porque todo o trabalho teria sido feito por uma equipe. Ela sempre agradece a todos que fizeram parte das pesquisas, especialmente os produtores parceiros, bem como à Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM/UFPel), por ter acolhido uma mulher nos anos 1960 e ter contribuido à sua formação profissional.

Maria do Carmo, com certeza, está presente em vários grupos com atuação na área da Fruticultura. Parte significativa dos profissionais que atuam na área recebeu seus ensinamentos e pôde aproveitar sua presença ativa. Como ela mesma afirma, estará sempre por perto e com a mesma disposição para colaborar, especialmente com os produtores. 

Agradecimentos à pesquisadora

Com a decisão do desligamento da Embrapa já tomada, a pesquisadora se deslocou a diversos representantes do setor produtivo para realizar uma “despedida” personalizada, nas quais foram colhidas algumas mensagens. Outras também foram enviadas diretamente a ela, para que perceba sua importância e leve consigo o agradecimento pelos impactos positivos que causou. Confira abaixo:

Sidnei Bertoldi - Conservas GB, de Morro Redondo (RS): "A cultura do pessegueiro em nossa região é um tema que, obrigatoriamente, nos remete ao nome da Dra. Maria do Carmo Bassols Raseira. Ícone da pesquisa na Embrapa Clima Temperado, ela dedicou sua vida, de maneira incansável à criação de inúmeras cultivares de pessegueiro, sempre com o intuito de atender da melhor forma possível às necessidades dos produtores e das indústrias. Sua dedicação foi, sem dúvida fundamental para o desenvolvimento do nosso setor. À Dra. Maria do Carmo nosso agradecimento!" (20/06/2025)

 

Dari Bosembecker e família – Colônia Santa Helena - Pelotas (RS): À Dra. Maria do Carmo, nossa profunda admiração e reconhecimento por sua trajetória de excelência no melhoramento genético do pêssego na Embrapa Clima Temperado. Seu trabalho não apenas revolucionou a fruticultura, mas também gerou uma importante injeção econômica na região e transformou a vida de inúmeras famílias produtoras, que hoje colhem os frutos de sua dedicação, ciência e amor pela agricultura — um legado que floresce a cada safra.

 

Mauro Schenemann – Colônia São Manoel - Pelotas (RS): Para nós do setor do pêssego, produtores e indústrias só temos a agradecer a Maria do Carmo pelo trabalho realizado. Certamente a sua contribuição no setor fará muita falta e será lembrado por muitos anos. Obrigado por tudo e um abraço da família Scheunemann.

 

Mauro Scheunemann - presidente da  Associação de Produtores de Pêssego: Para a Associação dos Produtores de Pêssego, a Dra. Maria do Carmo sempre colaborou de forma espontânea e participativa. Sempre esteve presente nas festas, feiras e aberturas da colheita, trazendo as novas variedades pesquisadas na Embrapa. Tudo isso, ajudou muito a Associação de Pêssego e fortaleceu o setor, onde quem ganhou foi toda a Associação e todos os envolvidos no setor produtivo.


Familia Milech – Depoimento do Celso Milech – Colônia São Domingos - Morro Redondo (RS): Plantamos pêssego desde 1952, iniciado pelo nosso pai Bertoldo Milech com as cultivares, Aldrighi, Capdebosq e Convênio, a safra durava apenas um mês e com a genética da Embrapa melhorou muito, passando para 100 dias a safra com variedades com muito mais sabor, produtivas e que fez melhorar a renda da propriedade. As melhorias foram nas variedades de mesa e de conserva. Por isso, nós só temos a agradecer à Embrapa pelas pesquisas e em especial a Dra. Maria do Carmo que tanto fez pela genética do pessegueiro. O pêssego alavancou a economia da região e a gente só tem a agradecer. Muito obrigado Maria do Carmo! Na vida tudo tem seu momento!

 

Paulo Silva – Industria de conservas Schramm – em 24.06.2025: Nós é que temos que agradecer a vocês da Embrapa, sem o trabalho de vocês e especialmente da pesquisadora Maria do Carmo a indústria também não teria evoluído. Com as novas variedades, a indústria foi se modernizando para dar conta da fruta que recebia. O Esmeralda e o Jade são as duas cultivares com maior estabilidade de produção. Hoje nós não temos mais problemas de cultivares, só precisamos melhorar o processo de produção. Fazer o produtor fazer a coisa certa no momento certo para ter melhor produtividade e melhor qualidade dos frutos.

 

Amilcar Zanotta do Sindocopel Sindicato da indústria de Doces e Conservas alimentícias de Pelotas - SINDOCOPEL - em 24.06.2025: Dra. Maria do Carmo,
Não existem palavras para descrever a importância do seu trabalho para a manutenção e desenvolvimento do setor conserveiro do Pêssego na nossa Região. Temos a mais absoluta certeza de que seu trabalho viabilizou a continuidade da nossa cadeia produtiva. Receba nosso reconhecimento e agradecimento pelos trabalhos de pesquisa e melhoramento tanto no desenvolvimento quanto no aperfeiçoamento de inúmeras variedades de pêssego. Sua capacidade, competência, conhecimento, técnica e dedicação permitiram ao setor “colher os frutos” que seu maravilhoso trabalho merecia e continuará merecendo. Com certeza não é um “adeus” mas sim um “até logo”, pois a Cadeia Produtiva do Pêssego ainda precisa e precisará muito da senhora. Assim, receba mais uma vez o nosso agradecimento e reconhecimento e como dissemos: até logo!


Conservas Neumann: As Conservas NEUMANN  agradecem à sra. Maria Raseira pelos relevantes serviços prestados na área de pesquisa e produção de pêssegos. Com certeza, sua contribuição foi fundamental para o aprimoramento das variedades, não só para a indústria, bem como para os produtores.Nosso muito obrigado.

 

Engenheiro agronômo Marco Antônio V. Rodrigues  - Conservas Oderich: Em nome das Conservas Oderich representando a área agrícola, juntamente com os produtores, manifestamos nossos agradecimentos pelo trabalho de pesquisa ao longo do tempo a cultura do pessegueiro. Para nossa querida e eterna pesquisadora Maria do Carmo fraterno abraço do nosso grupo.


Frutplan Mudas: A Frutplan Mudas agradece à Dra. Maria do Carmo Bassols Raseira por sua imensa contribuição e dedicação ao desenvolvimento da fruticultura brasileira. Ao longo de mais de 50 anos de trabalho junto à Embrapa, a Dra. Maria destacou-se como um exemplo de profissionalismo e generosidade, sempre atuando com proximidade junto aos produtores e viveiristas. Seu trabalho incansável resultou no lançamento de cultivares de pessegueiro, nectarineira e amoreira-preta que marcaram – e continuarão marcando – gerações de agricultores, proporcionando colheitas de qualidade e impulsionando o setor frutícola do país. Nosso muito obrigado, Dra. Maria! Seu legado seguirá florescendo em cada muda que plantamos.

Cristiane Betemps (Mtb 7418/RS)
Embrapa Clima Temperado

Contatos para a imprensa

Telefone: 53 32758113

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Galeria de imagens