Desenvolver a Amazônia precisa da conexão entre conhecimentos científico e tradicional
Desenvolver a Amazônia precisa da conexão entre conhecimentos científico e tradicional
Foto: Maria José Tupinambá
Roda de conversa “Levando o bioma Amazônia para a CP30”, no evento Diálogos pelo Clima-Amazônia, dia 2 de julho em Manaus
O desenvolvimento sustentável da Amazônia passa pela adoção de tecnologias com respeito ao conhecimento das populações locais, mas apesar de todos os esforços dos cientistas, ainda não se consegue fazer, com maestria, a conexão de saber científico com o tradicional. A constatação foi feita por representantes das Unidades da Embrapa na Amazônia Legal, durante a roda de conversa “Levando o bioma Amazônia para a CP30”, no evento Diálogos pelo Clima-Amazônia, realizado dia 2 de julho em Manaus, AM. Eles falaram dos desafios e perspectivas para a região, comentando a realidade de cada um dos nove estados.
Everton Rabelo Cordeiro, chefe-geral da Embrapa Amazônia Ocidental, disse que as populações “que aqui vivem” precisam de cuidados para que aqui permaneçam com plena dignidade. E esse cuidado passa pelo desenvolvimento de tecnologias que favoreçam o desenvolvimento sustentável. “Se as pessoas vivem com dignidade, se nós respeitamos o modo de viver delas e se elas respeitem o nosso modo de viver, a gente vai manter a equilíbrio que esse planeta tanto precisa”, disse.
Para o chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, Walkymário Lemos, os desafios são múltiplos, mas ressaltou o desafio tecnológico como o mais significante. “Nós temos na Amazônia experiências do mais alto calibre científico tecnológico e muitas vezes em propriedades com os piores índices de inovações de tecnologias. Então, esse vazio tecnológico rebate em vulnerabilidades sociais e econômicas”. Para ele, o grande desafio passa pelo distanciamento tecnológico, do conhecimento científico com o saber das comunidades tradicionais da Amazônia.
Falou que apesar de todos os esforços dos cientistas, ainda não se consegue fazer com maestria, a conexão de saber científico com o tradicional. Embora a Amazônia já tenha uma potência científica instalada, há um outro grande desafio que é valorizar o conhecimento tradicional.
A pesquisadora Lúcia Helena Wadt, chefe-geral da Embrapa Rondônia, disse que é necessário usar a Amazônia em benefício das populações. Citou como exemplo as pesquisas com o café robusta, onde se aplica o saber tradicional e o conhecimento científico e se consegue desenvolver um sistema próprio. “Então, a gente conseguiu reconhecer o desenvolvimento que foi feito de variedades, de clones, de materiais genéticos e agora se percebe o quanto melhorou a eficiência produtiva, o preço, a valorização e até o reconhecimento tradicional com os indígenas”.
Marco Bomfim, chefe-geral da Embrapa Maranhão, destacou que é preciso mudar a trajetória das comunidades, para que elas também tenham autonomia.
Danielle de Bem Luiz, chefe-geral da Embrapa Pesca e Aquicultura, disse que um dos maiores desafios da Amazônia, é tornar a produção pesqueira e aquícola de espécies nativas mais resiliente, sem perder de vista a inclusão produtiva e a competitividade, caso contrário, espécies exóticas que entrarão no bioma podem promover mudanças na fauna aquática.
Disse que o gargalo é a ausência de um pacote tecnológico completo para as espécies de peixes nativas, como tambaqui e pirarucu, que seja produtivo e adaptável a diferentes perfis de produtores, do pequeno ao grande investidor. E o que tem que ter nesse pacote, nesse pacote tecnológico? Melhoramento genético, com foco em desempenhos autênticos, tolerâncias às variações ambientais, desenvolver rações específicas para essas espécies nativas e também garantir duas práticas sanitárias de manejo de que funcionem essas condições hidroclimáticas específicas na Amazônia. Lembrou que o Brasil é grande produtor de carnes (bovina, suína, frango e de tilápia) que não são genuinamente brasileiras.
Nagib Jorge Melém, pesquisador da Embrapa Amapá, aponta a defesa fitossanitária um dos desafios da Unidade, pois o estado é porta e entrada da navegação oceânica, por onde já entraram doenças como o moco da bananeira, a mosca da carambola e ultimamente, a vassoura-de-bruxa da mandioca. “Temos que cuidar para evitar o aparecimento de doenças para todo o Brasil”, comentou.
Moderando a mesa redonda, a diretora executiva de Administração da Embrapa, Selma Beltrão, reforçou a fala do deputado Rodrigo Rolemberg, de que não existe solução única, e nem isolada. “Então é necessário que estejam juntos ciência, políticas públicas, setor produtivo com quem vive na floresta e do campo”, disse.
Jornada pelo Clima
O circuito de eventos Diálgoso pelo Clima compõe a Jornada pelo Clima, projeto de grande envergadura da Embrapa que evidencia a ciência na agropecuária brasileira como um pilar essencial para a transformação sustentável. Leia também
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O Diálogos pelo Clima Bioma Amazônia conta com o patrocínio Master do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), patrocínio Biomas do Ministério da Pesca e Aquicultura, patrocínio Bioma Local da Caixa Econômica Federal e apoio institucional do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Maria José Tupinambá
Embrapa Amazônia Ocidental
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