Embrapa Rondônia: 50 anos com foco em tecnologias sustentáveis para a Amazônia e rumo à COP30
Embrapa Rondônia: 50 anos com foco em tecnologias sustentáveis para a Amazônia e rumo à COP30
Produtores rurais, parceiros, representantes do setor agropecuário e colaboradores se reuniram no dia 29 de maio, no estande da Embrapa na 12ª Rondônia Rural Show Internacional 2025, em Ji-Paraná, para celebrar os 50 anos de atuação da Embrapa em Rondônia. A cerimônia marcou meio século de contribuição da Unidade para o desenvolvimento sustentável na Amazônia.
Durante a solenidade, a chefe-geral da Unidade, Lúcia Wadt, destacou a importância do trabalho em equipe e das parcerias para o êxito da pesquisa agropecuária na região. “Tudo que fazemos é fruto do empenho de toda a equipe. Contamos com o esforço de cada colaborador e, principalmente, com os nossos parceiros. Sem eles, nada disso seria possível. Temos buscado constantemente melhorias no nosso ambiente de trabalho e na infraestrutura, para que possamos entregar cada vez mais resultados à sociedade”, afirmou.
A gestora também ressaltou que o impacto da ciência vai muito além da produção agrícola. “A ciência sai do laboratório, passa pelo campo e chega até o prato do consumidor. E não só no prato — está presente no xampu, no creme, na saúde e em tantas outras áreas que impactam diretamente a vida das pessoas.” Por fim, Lúcia expressou gratidão a todos que construíram essa trajetória: “Agradeço de coração a todos que, mesmo em tempos difíceis, com esse espírito rondoniense que nos move, têm tido força e garra para concretizar muitas ações.”
A diretora administrativa da Embrapa, Selma Beltrão, representando a presidência da Empresa, reforçou que os 50 anos da Unidade simbolizam uma trajetória sólida de contribuição à sustentabilidade na região. Ela destacou que as tecnologias apresentadas na feira estão alinhadas à Jornada do Clima, com foco na redução de emissões, conservação ambiental, bioeconomia e inclusão produtiva. “A ciência no campo é essencial para construir sistemas mais sustentáveis e preparados para os desafios climáticos”, afirmou.
De olho no futuro
Ao final do evento, a chefe-geral da Embrapa Rondônia reforçou o compromisso com as próximas gerações: “Estamos vencendo desafios e contamos com todos para seguir juntos nessa jornada. Que daqui a 50 anos possamos olhar para trás e ver quanta coisa boa construímos. Parabéns à Embrapa Rondônia, aos funcionários, parceiros, produtores e a todos que acreditam nesse trabalho.”
A programação da feira dialogou com os compromissos climáticos globais, com destaque para tecnologias voltadas à agricultura familiar e sistemas produtivos integrados à floresta. Iniciativas como a cafeicultura regenerativa, a polinização por abelhas, o manejo de pastagens e o extrativismo sustentável demonstraram que é possível conciliar produção, conservação ambiental e inclusão social.
Dois acordos de cooperação técnica também foram firmados durante a programação. O primeiro, com o empresário Itamar Souza Silva, da Castanhas Ouro Verde Importação e Exportação Ltda., que visa o desenvolvimento de cultivo consorciado de café, castanha-da-amazônia e cacau. O segundo, com a Confederação de Café de Rondônia (Caferon), representada por Juan Travain, fortalecendo a parceria de longa data que consolidou o café Robustas Amazônico como produto de destaque nacional e internacional.
Café que sequestra carbono
Os dados do projeto CarbCafé chamaram atenção ao apresentar o monitoramento do carbono em áreas cafeeiras e o mapeamento de indicadores socioeconômicos da produção de café das Matas de Rondônia. Os principais resultados foram discutidos no painel Cafeicultura regenerativa e sistemas integrados agroflorestais como alternativas aos desafios climáticos, com a participação dos pesquisadores Carlos César Ronquim (Embrapa Territorial) e Enrique Alves (Embrapa Rondônia), do analista Calixto Rosa (Embrapa Rondônia), além de Oberdan Ermita (Sicoob Credip) e Juan Travain (Caferon).
Segundo Ronquim, o cultivo de Coffea canephora (Robustas Amazônicos), quando realizado com práticas regenerativas, contribui significativamente para o sequestro de carbono, agregando valor à produção e fortalecendo a agricultura de baixo carbono. Ele destacou ainda que cerca de 80% da pegada de carbono da cafeicultura nas Matas de Rondônia está associada ao uso de fertilizantes nitrogenados — dado obtido diretamente com os produtores. O estudo também apontou que a expansão da atividade entre 2021 e 2024 teve impacto mínimo sobre áreas de floresta.
Abelhas no cafezais
A importância da presença de abelhas nos cafezais foi outro tema discutido nos painéis temáticos. Segundo o pesquisador César Teixeira, os polinizadores silvestres e manejados são fundamentais para os Robustas Amazônicos, que dependem de polinização cruzada. “Além de aumentar o número de frutos, as abelhas melhoram a uniformidade e o tamanho dos grãos, o que impacta diretamente na qualidade final da bebida”, explica.
Segundo o pesquisador, a polinização também influencia nos atributos sensoriais do café, como doçura e equilíbrio, valorizados em mercados especiais. "Em Rondônia, grande parte dos cafezais está próxima a fragmentos florestais que abrigam naturalmente abelhas nativas. Práticas como a restauração florestal e a meliponicultura podem potencializar esses serviços ecológicos, agregar renda e conservar a biodiversidade”, acrescenta Teixeira.
Cristiano Menezes, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, complementou destacando que a diversidade de abelhas também reduz a necessidade de insumos químicos e fortalece a resiliência climática. “Elas funcionam como bioindicadores: se as abelhas estão bem, o ambiente também está. Isso é sinal de uma agricultura equilibrada”, afirmou.
Compromisso com a COP30
Outras tecnologias em destaque na feira incluem o Sistema Guaxupé, para manejo de pastagens com leguminosas, pecuária leiteira, piscicultura e ações de valorização do extrativismo sustentável da castanha-da-amazônia. Essas soluções promovem a redução de impactos ambientais e ampliam a rentabilidade para os produtores da região.
Segundo o pesquisador Enrique Alves, parte das tecnologias apresentadas na feira integrará a vitrine brasileira de soluções climáticas na COP30. “São pacotes tecnológicos adaptáveis à realidade dos produtores da Amazônia, baseados em ciência, biodiversidade e inclusão. As ações da Embrapa pavimentam o caminho para uma produção responsável e alinhada aos compromissos globais”, concluiu.
Mauricilia Silva (MTb 429/AC)
Embrapa Rondônia
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