01/07/25 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação  Produção animal  Transferência de Tecnologia  Convivência com a Seca

Participantes de Dia de Campo conhecem tecnologias para produção sustentável de caprinos e ovinos

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Foto: Raíssa Sousa

Raíssa Sousa - Pesquisadora Ana Clara Cavalcante (esquerda) fala sobre estratégias para alimentação de rebanhos na Caatinga aos participantes do Dia de Campo

Pesquisadora Ana Clara Cavalcante (esquerda) fala sobre estratégias para alimentação de rebanhos na Caatinga aos participantes do Dia de Campo

Tecnologias para produção sustentável de caprinos e ovinos no Semiárido brasileiro foram apresentadas nesta terça-feira (1º) a um público de 135 participantes do Dia de Campo em celebração aos 50 anos da Embrapa Caprinos e Ovinos, em Sobral (CE). No campo experimental da empresa, o público teve acesso a informações sobre estratégias para alimentação de rebanhos, sistemas integrados de produção, prevenção de doenças e melhoramento genético dos rebanhos.

Os resultados de pesquisas foram apresentados em quatro diferentes estações, mas que possibilitam integração nas rotinas de manejo na produção de caprinos e ovinos. É o caso da produção de ovinos em sistema de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) em teste na Embrapa Caprinos e Ovinos, que pode diversificar a oferta de forrageiras para alimentação animal e minimizar o impacto da sazonalidade da produção.

No experimento com ILPF, em uma área de 12 hectares foram implementadas faixas que alternam áreas de espécies vegetais para pastejo e para preservação da vegetação nativa. Em um primeiro ano de experimento, a quantidade de forragem obtida foi de 87 toneladas de matéria seca, o que, segundo o pesquisador Fernando Henrique Albuquerque, garantiu segurança alimentar a um rebanho experimental de mais de 200 ovinos da raça Santa Inês, de diferentes categorias (reprodutores, matrizes e crias).

O sistema ILPF hoje em teste representa mais uma etapa de pesquisas com sistemas integrados de produção na Embrapa Caprinos e Ovinos, conforme destacou a pesquisadora Ana Clara Cavalcante, numa sequência de estudos que começou com o sistema agrossilvipastoril nos anos 1990. Segundo ela, a estacionalidade na produção de forragem na Caatinga trouxe uma preocupação de pesquisa que gerou estratégias de manipulação para fins pastoris (como as técnicas de raleamento, rebaixamento e enriquecimento) e, agora, traz um redesenho do sistema em que se experimenta o uso de máquinas para manejo da vegetação no sistema ILPF.

“A mecanização é uma mudança, uma quebra de paradigma. Neste sistema vemos aqui um enriquecimento com capim Massai que, em conjunto com forrageiras nativas, enriquece, de forma relevante, a oferta de forragem, e ainda permite cultivar milho e outras culturas”, destacou Ana Clara. O agricultor Lucivane Simão, de Santana do Acaraú (CE), mostrou interesse pela área dividida em faixas na área do experimento do ILPF. “Muito interessante, eu nunca tinha visto. Geralmente o pessoal desmata tudo e aqui não, tem a preservação da mata e se combina com o pasto”, afirmou ele.

Participantes do Dia de Campo em estação sobre ILPF na Caatinga (foto: Lucas Oliveira)

Prevenção de doenças

Os participantes do Dia de Campo puderam tirar dúvidas e acompanhar orientações sobre biosseguridade para os rebanhos, com recomendações de manejo para prevenção das principais doenças que acometem e caprinos e ovinos e trazem perdas produtivas. Entre elas, artrite-encefalite caprina, micoplasmose, brucelose ovina, toxoplasmose, leptospirose, clamidiose, ceratoconjutivite, pododermatite, ectima contagioso, broncopneumonia, mastite e a verminose. Estratégias para controle das doenças foram demonstradas pelos pesquisadores Selmo Alves e Rizaldo Pinheiro e pelo analista Marcílio Frota.

As zoonoses, doenças que podem ser transmitidas dos animais para seres humanos, receberam questionamentos do público sobre manejo preventivo, caso da toxoplasmose. “É importante o cuidado com roedores infectados e com felinos. A propriedade deve adotar um plano de controle para ratos e evitar que gatos tenham acesso à área de alimentação dos rebanhos”, esclareceu Selmo Alves.

O agricultor João Batista Cruz, de Sobral (CE), afirmou que a informação sobre a toxoplasmose como zoonose foi um conhecimento novo adquirido pela experiência no Dia de Campo. “Eu sabia que era um problema humano. E agora vejo aqui, nesse diálogo, que a toxoplasmose afeta muito também aos animais. A gente observa que aqui temos muito aprendizado”, frisou ele.

Raças de animais adaptadas

As estratégias de melhoramento genético para conservação e uso de raças localmente adaptadas ao Semiárido foram apresentadas aos participantes do evento pelos pesquisadores Olivardo Facó e Kleibe Moraes. O público visitou área onde estavam animais dos rebanhos de conservação da Unidade (caprinos Moxotó e Canindé; ovinos Santa Inês, Morada Nova e Somalis Brasileira).

Os pesquisadores ressaltaram a importância da preservação do material genético das raças adaptadas, apresentaram diferenças de características entre os animais que podem servir para fins de melhoramento animal e apresentaram algumas estratégias de cruzamentos entre animais dessas raças que podem ser utilizadas pelos produtores. Para o produtor rural Max Milian, que cria ovinos da raça Santa Inês em Jaguaribe (CE), o diálogo sobre melhoramento permitiu compreender mais sobre a área e ver um intercâmbio com os conhecimentos das outras estações do Dia de Campo para a produção. 

“Você tem a possibilidade de iniciar um ciclo, passar pelo manejo, passar pelo cuidado sanitário e seguir com esse ciclo até o final, para quando chegar na terminação ter um cordeiro de qualidade, com carcaça e carne boas. Mas tudo começa com o melhoramento genético, porque se você começar errado, se você pega cordeiros que não são de boa qualidade, vai ter um ciclo investindo nesses animais, pagando mão-de-obra e você vai chegar lá no final e ver que não deu certo porque não estava com animais geneticamente bons”, destacou Max.

Políticas públicas e extensão rural

Além de produtores rurais, o Dia de Campo atraiu um público diverso, que incluiu extensionistas, professores, estudantes e agentes de órgãos públicos. Alguns desses participantes identificaram conexões entre os conteúdos apresentados e as políticas públicas para incentivo à caprinocultura e ovinocultura em âmbito regional.

“A gente vê que a Embrapa vem buscando tecnologias apropriadas aos pequenos produtores, aquelas pessoas que não precisam ter uma grande área para produzir com qualidade. Acredito que essas tecnologias são praticáveis, com apoio de crédito e assistência técnica”, avaliou Daniel Castro, secretário de Agricultura e Pesca de Pentecoste (CE). 

Para Rodrigo Dias, secretário de Agricultura de Sobral (CE), que veio ao Dia de Campo juntamente com técnicos de sua equipe, o conhecimento compartilhado no evento serve como referência para se pensar em ações no município. “A gente se motiva a capacitar os nossos técnicos para levar essas tecnologias até os produtores de Sobral e região. A Embrapa transfere suas tecnologias com didática, com a linguagem do homem do campo”, ressaltou ele.

“Consegui obter muito conhecimento aqui hoje, conhecimento que eu não tinha ainda e agora, depois desse Dia de Campo, eu adquiri. Sobre abertura de áreas para produção, sobre o sistema de integração. Muita informação nova e muito aprendizado”, destacou Mateus Barbosa, agente rural da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce) em Sobral. 

O Dia de Campo contou com participantes de instituições como Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-CE), Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Centro Universitário INTA (Uninta), entre outras.

Adilson Nóbrega (MTB/CE 01269 JP)
Embrapa Caprinos e Ovinos

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