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01/08/25 |   Transferência de Tecnologia

Mudas de videira com selo de qualidade chegam ao mercado

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Foto: Viviane Zanella

Viviane Zanella - A distribuição dos selos e etiquetas começou a ser feita nesta semana aos viveiristas licenciados Embrapa associados à Apassul

A distribuição dos selos e etiquetas começou a ser feita nesta semana aos viveiristas licenciados Embrapa associados à Apassul

 

Organização do setor sensibilizou a cadeia produtiva em busca de qualificação e competitividade

 

A partir deste ano, com a inclusão dos selos de qualidade de mudas - Premium, Superior e Standard - ficará mais fácil para os viticultores identificarem os níveis de qualidade das mudas comercializadas. Além dos selos colocados nas sacarias e nas caixas, os feixes de mudas também terão etiquetas indicativas da sanidade viral do material vegetal utilizado, representando a ausência das principais viroses que afetam a videira. A distribuição dos selos e etiquetas começou a ser feita nesta semana aos viveiros na Serra Gaúcha e nas demais regiões do estado e em Santa Catarina e poderá ser verificada no recebimento das mudas. A iniciativa é dos pelos viveiristas associados Apassul (Associação dos produtores de sementes e mudas do Rio Grande do Sul), licenciados pela Embrapa.

 

“Quando iniciamos o projeto em 2013, a situação era muito complicada, as mudas comercializadas eram contaminadas por vírus e doenças de tronco em níveis elevados, não apresentavam padrão morfológico unificado e muitas vezes eram obtidas na informalidade. Isso representava um grande prejuízo ao viticultor, pois uma muda de qualidade é o ponto de partida para a garantia de produção e da longevidade do parreiral”, pontua Daniel Grohs, engenheiro agrônomo da Embrapa Uva e Vinho, um dos coordenadores da iniciativa.

 

Para Lucas Sinigaglia, coordenador do Comitê de Mudas dos viveiristas associados Apassul e proprietário do Viveiro Sinigaglia ao lado do irmão Edgar, o selo marca uma nova fase para o viveiro. “Estamos recebendo o selo de qualidade Premium, que é o resultado de um trabalho que iniciou há três anos, uma parceria entre a Associação dos Viveiros, a Embrapa e a Apassul, que faz a certificação das mudas. Isso é uma garantia para o produtor que está adquirindo as mudas dos viveiros licenciados da Embrapa, de que vai ter uma muda de alta qualidade para a formação de vinhedos longevos, produtivos e sanitariamente confiáveis”, avaliou.

 

Elisangela Sordi, engenheira agrônoma e desenvolvedora de Mercado de Mudas da Apassul é a responsável pela vistoria, garantindo que os parâmetros estabelecidos estão sendo cumpridos, o que resulta, na qualidade final da muda. “O conjunto das visitas, coletas de amostras e análise de diferentes parâmetros, que vão desde o diâmetro da muda até a presença de doenças, é que nos permite definir se a muda irá receber o selo de Premium, Superior ou Standard. Esse padrão foi estabelecido a partir de  sistemas de certificação de outros países mas ajustados às características locais dos viveiristas”, explica Elisangela.

 

Neste primeiro ano, foram certificados 53 lotes de mudas em 9 viveiros nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina para o recebimento do selo de qualidade de muda. Além disso, desde 2023, 143 campos de plantas matrizes foram analisados para o recebimento da etiquetade qualidade viral. 

 

O projeto Mudas de Qualidade

 

De 2013 a 2019 a Embrapa Uva e Vinho executou o projeto Mudas de Qualidade, que contou com a participação de diversas instituições e organizou a produção profissional de mudas de videira.  Dentre os avanços, segundo Grohs,  pode-se destacar a obtenção de plantas básicas de elevada sanidade viral; a  consolidação da oferta do material propagativo básico aos viveiristas e o desenvolvimento de tecnologias para melhoria dos sistemas de produção de mudas.

“No que se refere à qualidade de mudas, o maior impacto que conseguimos ao longo dos anos foi a mudança de comportamento dos produtores de uva, que hoje exigem a chamada “muda de qualidade” no momento da compra. Muda de qualidade é sinônimo de um padrão de muda produzido a partir do conjunto de recomendações técnicas da Embrapa, associada a uma genética conhecida com elevada sanidade viral”, define  Grohs.

Sobre os viticultores, Grohs relembra que no início do programa foi necessário explicar quais as características de uma muda de qualidade e como eles deveriam avaliar este padrão. O treinamento foi importante para o produtor participar de forma ativa neste processo, tendo consciência que uma muda fora do padrão traz impactos negativos ao seu vinhedo. Com o tempo, tornou-se  comum os produtores exigirem as características da muda de qualidade, tornando-se assim, fiscais dos próprios viveiristas.

No caso dos viveiristas, Grohs comenta que o setor produtivo tinha uma visão distorcida da atividade,  sendo, de maneira geral, considerada amadora. Com o programa, a busca pela muda de qualidade exigiu aporte tecnológico e maior rigor no processo de produção da muda. Ele complementa que foi inevitável a profissionalização deste segmento e que hoje está em  pleno crescimento e altamente valorizado. Atualmente, mesmo pequenos viveiristas sem perfil para serem licenciados, recorrem à Empresa de Pesquisa para obter orientações técnicas para qualificar a sua produção, pois o mercado tem exigido esse novo padrão.

 

A parceria Embrapa, Apassul e viveiristas licenciados

Após a finalização do projeto em 2019, se observou um aumento da demanda pela entrega de mudas qualificadas. Tanto pelos licenciados, inclusive de fora do Rio Grande do Sul, como pelos viticultores. O setor passou  a ver a muda de qualidade como uma marca de alto valor agregado. 

Porém, o custo, a logística e a necessidade de mão-de-obra especializada inviabilizaram a Embrapa a permanecer à frente de um amplo programa de acompanhamento da produção em escala nacional. Assim, iniciou-se uma articulação junto à Apassul para atendimento nessa nova etapa. A Apassul passou então a liderar o processo de acompanhamento da qualidade, com o apoio técnico e curadoria da Embrapa, a partir da entrada oficial  de 11 licenciados do RS e SC, na associação.

Com esse movimento, a partir de 2025, o setor conta com viveiristas altamente tecnificados que além de serem autorizados a comercializar as cultivares protegidas da Embrapa, também comercializam mudas com sua qualidade classificada e rastreável podendo ser identificados pelo “selo de viveirista associado Apassul”.

 

A base do programa de acompanhamento de qualidade de mudas de videira Apassul inicia com a legalização do viveiro, verificando sua adequação e respeito às normas oficiais para produção de sementes e mudas. Posteriormente, é realizado o monitoramento da condição sanitária dos matrizeiros, em especial o diagnóstico molecular laboratorial quanto a presença das principais viroses. As mudas procedentes dos campos aprovados, recebem a “etiqueta amarela” em cada fardo comercializado.

 

A comprovação da origem sanitária da muda sempre foi um gargalo técnico que agora pode ser comprovado pelas etiquetas amarelas 

 

Existe a etapa de amostragem de lotes de mudas em pré-comercialização, quando é realizado a análise morfo-sanitária visual de mudas para a classificação no três níveis de qualidade de mudas: Premium, Superior e Standard. A diferença entre as classes se dá sobre a tolerância de ocorrência de desuniformidades no que é considerado um padrão ideal de mudas como soldadura, presença de necroses internas, assimetria radicular entre outros. A muda Premium é aquela que apresenta a menor tolerância, a Superior intermediária e a Standard a maior.

 

A inclusão das etiquetas com níveis de qualidade em mudas é mais um dos resultados de uma verdadeira revolução que vem acontecendo na viticultura brasileira 

 

Grohs reforça que esse é um programa voluntário e o viveirista encaminha antecipadamente os lotes que deseja classificar. “Pela primeira vez na nossa viticultura, temos uma forma de quantificar a qualidade do lote entregue e o viticultor passa a ter uma métrica para entender pelo que estará pagando. Esse é um sistema já usado em outros países viticultores. Agora o Brasil se insere nesse modelo internacional. Além disso, nacionalmente, se destaca no segmento de fruteiras, por aplicar um sistema de autocontrole que pode servir de base a outras espécies. Será a aceitação e o reconhecimento pelo setor produtivo deste esforço que ditará a continuidade e envergadura deste programa nos próximos anos”, finaliza Grohs

Viviane Zanella (MTb 14.400/RS)
Embrapa Uva e Vinho

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Telefone: (54) 34558084

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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