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04/06/25 | Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Recursos naturais Gestão ambiental e territorial
Embrapa e Emater RS investem em ações de pesquisa e intervenção na Serra Gaúcha
Desde 2024, a Embrapa vem reunindo um conjunto de informações para propor ações, nos próximos cinco anos, para a recuperação de áreas e mitigação de riscos em encostas da Serra Gaúcha, frente a eventos climáticos extremos, no âmbito do Recupera Rural RS. Entre os dias 18 e 30 de maio, as equipes de pesquisa da Embrapa Uva e Vinho, da Embrapa Soja, da Embrapa Florestas e técnicos da Emater-RS trabalharam na coleta de dados na bacia hidrográfica Veríssimo de Matos, localizada em Bento Gonçalves (RS).
A proposta das equipes envolvidas é colaborar com o aprimoramento dos sistemas de produção da região - a viticultura predominantemente - tornando-os mais sustentáveis, sob os pontos de vista ambiental, social e econômico, principalmente por estarem mais ajustados às condições das paisagens das encostas da Serra Gaúcha. Adicionalmente, os resultados obtidos também irão auxiliar na construção e na implementação de políticas públicas e de crédito adequadas para a região.
A bacia hidrográfica Veríssimo de Matos envolve uma área aproximada de 2.120 hectares, o que representa ao redor de 7,8% da área total do município. Nessa região, a parceria entre a Embrapa e a Emater-RS possibilitou agregar o conhecimento técnico-científico da Embrapa, adquirido em campanhas diagnósticas realizadas em 2024, com a experiência de atuação da Emater-RS na região.

Área delimitada, em vermelho, da Bacia Hidrográfica Veríssimo de Matos, em Bento Gonçalves, RS.
Estudos de solo e vegetação - De acordo com a Embrapa e Emater-RS, a escolha desta bacia busca definir uma região onde, além de se legitimar os efeitos da catástrofe quanto aos tipos e intensidades dos movimentos de solos, possam ser implementadas técnicas de manejo aos sistemas de produção representativos da viticultura gaúcha desenvolvida em áreas de encosta, considerando as condições de recarga e descarga hidrológica das paisagens.
As equipes levantaram dados biofísicos interativos considerando especialmente os tipos de solos, suas características e distribuição, associados as tipologias florestais fluviais, tanto em rios como em nascentes, além de considerar os sistemas de produção predominantes em áreas de encosta da Serra Gaúcha e suas implicações sociais, econômicas e ambientais. "Ao mesmo tempo, pesquisas específicas foram realizadas sobre os grandes movimentos de massa que aconteceram na região em consequência da catástrofe climática de abril e maio de 2024", explicam os pesquisadores Gustavo Curcio e João Bosco da Embrapa Florestas. Os pesquisadores Gustavo Curcio, Annete Bonnet, João Bosco e Emiliano Santarosa, da Embrapa Florestas, atuaram nos levantamentos de temáticas de solos, vegetação fluvial e viticultura, tendo o seu planejamento organizado em coerência com parâmetros geológicos, geomorfológicos e hidrológicos, assim como nas normativas legais do Código Florestal brasileiro.
Perfil de Neossolo Regolítico

Instalação de parcelas para efetivar as pesquisas em florestas de rios e nascentes
Com a finalidade de alcançar resultados com maior grau de representatividade ambiental, seja em sistemas de produção ou de preservação, a equipe da Embrapa Florestas coletou 258 amostras na bacia Veríssimo de Matos. "Essa magnitude dos levantamentos, fundamental para caracterizar as referidas temáticas, resultou em uma densidade amostral de 1 ponto a cada 8 hectares. Nesta densidade amostral estão computados os pontos de amostragens de solos, coleta e descrição de perfis de solos, assim como as parcelas pertencentes ao levantamento de vegetação fluvial de rios e nascentes", explicam os pesquisadores Curcio e Bonnet.
Mapeamento aéreo - Nesta etapa do levantamento, o pesquisador Júlio Franchini, da Embrapa Soja, desenvolveu também atividades relacionadas ao mapeamento aéreo, utilizando sensores ópticos embarcados em Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP). No total, foram obtidas 6.934 imagens aéreas, as quais servirão de base para a geração do Modelo Digital de Elevação (MDE) e do Ortomosaico de alta resolução. "Esses produtos geoespaciais permitirão a análise aprofundada dos processos hidrológicos e morfodinâmicos que ocorreram na bacia", destaca Franchini.
A partir da interpretação inicial das imagens, o pesquisador explica que dentre os vários fluxos de massa que aconteceram na bacia foco, foram executados voos específicos em oito destes, resultantes de eventos extremos de precipitação ocorridos na região em abril e maio de 2024. "Cada fluxo será analisado de forma individualizada, permitindo a obtenção de diversas métricas, como largura, profundidade e volume de material transportado", afirma Franchini.
De acordo com o pesquisador, essas informações serão fundamentais para subsidiar o entendimento dos processos hidrológicos observados na bacia e, consequentemente, para orientar ações de recuperação e prevenção de novos eventos de instabilidade em áreas de risco. “Ademais, a nova imagem obtida em alta resolução, constituirá a base de dados dos mapas de solos e de vegetação fluvial que serão gerados para a bacia foco”, explica Franchini.

Visão aérea da bacia em estudo produzida em maio
Crédito: Julio Franchini
Crédito: Julio Franchini
Sistemas de produção - Em paralelo, a Embrapa Uva e Vinho e a Embrapa Florestas também fizeram levantamentos e análises para gerar informações detalhadas sobre os sistemas de produção e respectivos manejos que predominam nas áreas da bacia hidrográfica. "Observamos que a viticultura é a atividade econômica essencial para a sustentabilidade da grande maioria das famílias, que se caracterizam por desenvolver, de forma tradicional, a agricultura familiar em pequenas áreas de terra, muitas das quais com elevada inclinação", define o pesquisador Joelsio Lazzaroto, da Embrapa Uva e Vinho.
Segundo ele, pode-se destacar alguns aspectos chaves que caracterizam os sistemas de produção vitícola em questão: produção de uvas predominantemente americanas e híbridas, a exemplo das cultivares Isabel e Bordô. Essas cultivares são direcionadas para atender demandas da indústria de sucos e vinhos de mesa. "As produtividades observadas variam entre 20 mil e 30 mil quilos por hectare. E o sistema de condução em latada (produção de uvas de forma horizontal) prevalece na grande maioria das propriedades. Além disso, muitos vinhedos estão implantados em áreas com alta declividade, ou seja, acima de 30% de inclinação", enumera Lazzaroto.
Ainda de acordo com o pesquisador, há problemas crescentes de mão de obra, associados com três pontos fundamentais: idade avançada de muitos produtores, dificuldades de sucessão familiar em diversas propriedades e empecilhos na contratação desse fator de produção. "Tanto pela escassez como pelo custo, existe grande carência em termos de assistência técnica regular, devido, sobretudo, ao baixo número de técnicos atuantes na região em relação ao número de estabelecimentos que produzem uvas", avalia Lazzaroto.
Viticultura familiar, conduzida em sistema latada, na região da Serra Gaúcha.
Crédito: Fábio Ribeiro dos Santos
Crédito: Fábio Ribeiro dos Santos
As informações geradas estarão subsidiando a proposta das ações para recuperação de áreas e mitigação de riscos em encostas da Serra Gaúcha frente a eventos climáticos extremos. Os elementos associados com características biofísicas, condições de relevo e topografia e aspectos socioeconômicos, bem como questões que envolvem ordenamento hidrológico da paisagem irão auxiliar no desenvolvimento das ações de intervenção futura. "A proposta é fortalecer a resiliência produtiva regional e ambiental, com consequente minimização de problemas e riscos também para expressivos territórios situados à montante e à jusante da região", enfatizam os pesquisadores da Embrapa.
Recupera Rural RS
Plano de ações emergenciais e estruturantes para apoiar a recomposição de paisagens e a recuperação agroprodutiva sustentável do Rio Grande do Sul. Estruturado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, por meio da Embrapa, o plano inclui parceiros da iniciativa privada e do poder público federal, estadual e municipal. A iniciativa visa identificar áreas e projetos prioritários para investimentos em PD&I, para suporte técnico-científico à tomada de decisões de produtores rurais e agentes do Estado, para apoio a políticas públicas de prevenção de desastres dessa natureza, e para a retomada da capacidade produtiva dos sistemas agroalimentares e florestais do Estado. Mais informações aqui
Recupera Rural RS
Plano de ações emergenciais e estruturantes para apoiar a recomposição de paisagens e a recuperação agroprodutiva sustentável do Rio Grande do Sul. Estruturado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, por meio da Embrapa, o plano inclui parceiros da iniciativa privada e do poder público federal, estadual e municipal. A iniciativa visa identificar áreas e projetos prioritários para investimentos em PD&I, para suporte técnico-científico à tomada de decisões de produtores rurais e agentes do Estado, para apoio a políticas públicas de prevenção de desastres dessa natureza, e para a retomada da capacidade produtiva dos sistemas agroalimentares e florestais do Estado. Mais informações aqui
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