Bactéria Xanthomonas
Pragas que ameaçam cultivos de videira no Distrito Federal
Bactéria Xanthomonas citri pv. viticola (cancro-bacteriano-da-videira)
Equipe responsável: Loiselene Carvalho da Trindade (Emater-DF), Abi Soares dos Anjos Marques (Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia), Elisangela Gomes Fidelis (Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia)
1 – Características da praga, sintomas e danos
A bactéria Xanthomonas citri pv. viticola ( anteriormente Xanthomonas campestris pv. viticola) causadora do cancro-bacteriano-da-videira, é uma Praga Quarentenária Presente no Brasil, nos estados da Bahia, Ceará, Pernambuco e Roraima (Instrução Normativa nº 38, de 1º de outubro de 2018, MAPA).
A bactéria X. citri pv. viticola é um bastonete Gram-negativo, com dimensões de 0,6 x 1,2 - 2,5mm, possui um flagelo polar e metabolismo aeróbico. Suas colônias são arredondadas, brilhantes com bordos lisos e de coloração esbranquiçada, em meio agar-nutritivo, pois não produz xantomonadina, pigmento característico das bactérias do gênero Xanthomonas.
Os sintomas iniciam-se nas folhas com manchas angulares escuras (1 a 2 mm de diâmetro), circundadas ou não por um halo amarelado, algumas vezes coalescendo e causando necrose (Figura 1). Nas nervuras e pecíolos das folhas, nos ramos e ráquis dos frutos formam-se manchas escuras e alongadas, que evoluem para fissuras longitudinais de coloração negra, conhecidas como cancros (Figura 2). As bagas são desuniformes em tamanho e cor, podendo também apresentar lesões necróticas (Figura 3). A intensidade dos sintomas varia de acordo com a variedade da uva e com as condições climáticas.
Figura 1. Sintomas de Xanthomonas citri pv. viticola em folha de uva. Fotos: Loiselene Trindade
Figura 2. Sintomas de Xanthomonas citri pv. viticola no ramo, nervura e ráquis da uva. Fotos: Loiselene Trindade.
Figura 3. Sintomas de Xanthomonas citri pv. viticola em frutos de uva. Foto: Loiselene Trindade.
A introdução da doença nas videiras ocorre por meio de mudas ou bacelos (estaca de videira para formar nova planta) infectados, os quais irão originar plantas doentes. Dentro dos parreirais, a dispersão pode ocorrer por meio de ferramentas infectadas ou pela chuva.
Para evitar a dispersão dessa praga para regiões indenes, o trânsito de mudas do gênero Vitis, provenientes de unidades da federação (UF) com ocorrência da praga e com destino a UF sem ocorrência da praga, somente é permitido se acompanhadas de Permissão de Trânsito de Vegetais (PTV) com a seguinte Declaração Adicional: "As mudas foram obtidas por micropropagação e indexadas para Xanthomonas citri pv. viticola" (Instrução Normativa nº 2, de 6 de fevereiro de 2014, MAPA). Por isso, compre mudas certificadas e de locais sem a ocorrência da praga!
2 – Distribuição geográfica
Xanthomonas citri pv. viticola foi descrita na Índia e também é relatada na Tailândia, onde tem uma importância secundária. Foi detectada no Brasil em 1998, nas áreas irrigadas do Vale do São Francisco em Pernambuco e Bahia, em Vitis vinifera cultivar Red Globe. Posteriormente, foi detectada no Ceará e em Roraima (Figura 4).
Figura 4. Mapa de Distribuição geográfica de Xanthomonas citri pv. viticola. Fonte: https://gd.eppo.int/taxon/XANTCV/distribution
3 – Hospedeiros
Videira (Vitis spp.) e seus híbridos.
4 – Referências
Ferreira MASV, Bonneau S, Briand M, Cesbron S, Portier P, Darrasse A, Gama MAS, Barbosa MAG, Mariano RLR, Souza EB, Jacques M-A (2019) Xanthomonas citri pv. viticola Affecting Grapevine in Brazil: Emergence of a Successful Monomorphic Pathogen. Front. Plant Sci. 10:489. doi: 10.3389/fpls.2019.00489
Trindade LC, Lima MF, Ferreira MASV (2005) Molecular characterization of Brazilian strains of Xanthomonas campestris pv. viticola by rep-PCR fingerprinting. Fitopatol. Bras. 30:46–54. doi: 10.1590/S0100-41582005000100008
Trindade LC, Marques E, Lopes DB and Ferreira MASV (2007) Development of a molecular method for detection and identification of Xanthomonas campestris pv. viticola. Summa Phytopathologica 33:16–23. doi: 10.1590/S0100-54052007000100002
5 –Links para outras páginas
https://gd.eppo.int/taxon/XANTCV/hosts
https://www.scielo.br/j/rbf/a/8kyhMtFzGC6Wvwbx475BD3v/?format=pdf
Organização:
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
Seagri-DF
Emater-DR
Apoio e parceria: Fundação de Apoio a Pesquisa do Distrito Federal (Projeto: "Priorização dos riscos fitossanitários e levantamentos de detecção e diagnósticos de pragas quarentenárias que ameaçam cultivos de bananeira e videira do Distrito Federal." Termo de outorga: n.º 308/2023).