Embrapa Mandioca e Fruticultura
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Embrapa reúne maiores especialistas do mundo em fitossanidade da bananeira
Pela segunda edição consecutiva, a Embrapa Mandioca e Fruticultura realizou o Workshop sobre Fitossanidade na Cultura da Bananeira (BananaFIT), principal evento sobre fitossanidade da cultura no País, fora de suas dependências, em Cruz das Almas (BA). Dessa vez, o workshop, em sua quinta edição, aconteceu junto com a 13ª Feira da Bananicultura e Agronegócio (Feibanana), consolidada como a maior feira da bananicultura e agronegócio em âmbito nacional, em Pariquera-Açu, no Vale do Ribeira (SP), de 13 a 15 de maio, em uma parceria com a Associação dos Bananicultores do Vale do Ribeira (Abavar).
O evento contou na abertura com a presença do vice-governador de São Paulo Felicio Ramuth, o secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Filizzola, o prefeito de Pariquera-Açu, Wagner da Costa, e diversas autoridades municipais e estaduais e representantes de instituições. O pesquisador Alberto Vilarinhos representou a Embrapa na abertura oficial e fez um apanhado do que seria apresentado no BananaFIT.
A grade técnica do workshop foi composta por profissionais de destacada atuação no Brasil e no mundo no enfretamento dessas ameaças de ordem biótica e também os diferentes estresses abióticos que muitas vezes se constituem em portas de entrada de importantes patógenos para a cultura. O BananaFIT contou com mais de 300 inscritos, pessoas de várias localidades do Brasil, entre produtores, consultores de empresas, engenheiros-agrônomos e profissionais atuantes na defesa vegetal, professores de nível superior, pesquisadores e estudantes de graduação e pós-graduação. Cerca de 13 mil visitantes passaram pela Feibanana durante os três dias de evento, que envolveu 65 expositores comerciais, ofertando produtos e insumos agrícolas, veículos e maquinários e serviços, ações socioeducativas e exposições de artesanatos regionais voltados à cultura da banana.
"Essa quinta edição do BananaFIT e a Feibanana foram um sucesso. A estratégia da organização de levar o evento para os polos de produção se mostrou mais uma vez acertada. A edição passada foi no norte de Minas. Decidimos fazer uma alternância entre as regiões e este ano escolhemos o Vale do Ribeira, um dos principais polos de produção de banana no Brasil. Recebemos especialistas de diversos países, como México, Costa Rica e Colômbia, além dos especialistas aqui do País, da Embrapa e da Apta, grande parceira no estado de São Paulo. O evento, além de ter trazido conhecimento, trouxe perspectivas para o cenário da bananicultura nacional muito promissoras quanto a tecnologias que estarão ou que já estão disponíveis para o setor, como novas variedades, a parte de bioinsumos, o manejo integrado de doenças prioritárias para o nosso País, como a murcha de Fusarium. Também trouxe alertas de doenças quarentenárias que não estão no Brasil, mas que a Embrapa, junto com parceiros externos, já está trabalhando com resultados de tecnologias, principalmente baseadas em variedades, com resistência, por exemplo, à raça 4 tropical de Fusarium", avalia o pesquisador Fernando Haddad, coordenador do evento.
O presidente da Abavar, Augusto Aranha, afirmou que cada edição a Feibanana se consolida como uma importante amostra tecnológica para a produção de bananas, e este ano a parceria Abavar e Embrapa elevou a Feibanana a um nível internacional, proporcionando o conhecimento de novas tecnologias e manejo para uma produção sustentável. "Queríamos trazer esse workshop pra cá já há algum tempo. E foi maravilhoso, uma satisfação muito grande ouvir gente do mundo inteiro com experiências preciosas com pragas e doenças que não existem aqui, além de técnicas de manejo, a questão da segurança, a parte de melhoramento da Embrapa, trabalhando novas variedades resistentes. O evento reuniu todas as questões que a gente precisa. Temos uma parceria de longa data com a Embrapa, nós como produtores temos experimentos, participamos ativamente do processo de validação da BRS Princesa, por exemplo, e continuamos com essa vontade de testar novos materiais, validando processos", destaca Aranha.
Haddad enalteceu a parceria com a Abavar. "A organização da Abavar foi primorosa, e os resultados também foram excelentes quanto à demonstração das tecnologias disponíveis e à troca de conhecimento, de forma a atrair o setor para junto da pesquisa e trabalharmos em conjunto, para resolver e trazer soluções para as demandas do setor o mais focado possível", complementou o pesquisador.
Programação técnica
O BananaFIT começou no dia 14 com duas palestras de especialistas internacionais. A primeira, sobre epidemiologia e manejo da sigatoka-negra, estava a cargo do pesquisador Mauricio Guzmán, da Cropland Biosciences (Costa Rica), que participou de todas as cinco edições do BananaFIT. A segunda, sobre manejo integrado de sigatoka no México, foi apresentada pelo pesquisador Mario Orozco-Santos, do Instituto Nacional de Investigações Florestais Agrícolas e Pecuárias (Inifap), que já esteve em diversas missões no Brasil. O engenheiro-agrônomo Wilson da Silva Moraes, da Superintendência Federal de Agricultura do Estado de São Paulo (SFA-SP/Mapa), falou sobre manejo da sigatoka-negra no Vale do Ribeira e seus principais desafios.
Na parte da tarde, Guzmán voltou para mais uma palestra, dessa vez sobre doenças foliares com efeito direto sobre os frutos: mancha-losango, pinta de Deightoniella, mancha de Cloridium e mancha de Cladosporium. Ele dividiu a apresentação do tema com o professor da Universidade de Costa Rica César Guillén. O analista Leandro Rocha, da Embrapa Mandioca e Fruticultura, encerrou as apresentações do dia com exposição sobre manejo integrado de nematoides na bananeira.
O último dia do evento (15) começou com o dia de campo na área experimental da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta Regional - Vale do Ribeira), com estações sobre manejo de sigatoka-negra (Maurício Guzmán, Mário Orozco-Santos e Wilson da Silva), nematoides (Leandro Rocha, Mónica Vásquez, pesquisadora da Corporação Colombina de Investigação Agropecuária – Agrosavia) e moleque-da-bananeira (César Guillén e Fernando Haddad). A estação sobre variedades e manejo da murcha de Fusarium esteve a cargo dos pesquisadores Edson Perito Amorim, líder do programa de melhoramento genético de banana e plátano da Embrapa, e Edson Nomura (Apta Regional Vale do Ribeira).
A parte da tarde foi preenchida pelo painel “Murcha de Fusarium em bananeiras (raça 1 e raça 4 tropical) e pragas emergentes”. A primeira palestra foi de Ricardo Hilman, da Coordenação-Geral de Proteção de Plantas (CGPP/Mapa), que falou sobre o plano nacional de prevenção e vigilância para a praga quarentenária raça 4 tropical de Fusarium (R4T). Em seguida, Mónica Vásquez abordou a situação das ações de contingência para R4T na Colômbia, teceu um panorama da praga no mundo e apresentou os resultados das pesquisas realizadas em parceria com a Embrapa. Haddad e Amorim falaram, respectivamente, sobre manejo integrado da murcha de Fusarium raças 1 e 4 subtropical no Brasil e o programa nacional de melhoramento genético da bananeira. Mónica Vásquez voltou ao palco para comandar a última apresentação, sobre moko bacteriano e pragas quarentenárias.
No estande, foram expostos frutos de variedades desenvolvidas e validadas junto com instituições e parceiros estratégicos distribuídos pelo país. Havia frutos da BRS Terra-Anã, produzidos no norte de Minas pelo grupo Borborema e também no Ceará pelo grupo Pura Vida; BRS Princesa, pelos grupos Braúna e Brasnica, do norte de Minas, e Trop Sabor, de São paulo; novo híbrido de prata, proveniente do norte de Minas, de áreas dos grupos Loschi e Borborema; somaclones de Cavendish, produzidos na Apta Regional Vale do Ribeira; e frutos da BRS SCS Belluna, enviados pelo grupo Braúna (MG). O público também obteve informações sobre a tecnologia do pulverizador costal pneumático eletrostático elétrico, desenvolvida pela Embrapa Meio Ambiente (SP). Além da equipe da Embrapa Mandioca e Fruticultura, o estande contou com a participação das pesquisadoras Kátia Nechet (Embrapa Meio Ambiente) e Poliana Giachetto (Embrapa Agricultura Digital, SP) e do analista Luis Guilherme Wadt, da área de Transferência de Tecnologia da Embrapa Meio Ambiente.
"O estande foi muito visitado, e a conversa direta com o produtor é muito importante para essa transferência de tecnologia da maneira mais eficaz e que o produtor entenda realmente qual o propósito de cada tecnologia e apoie a pesquisa, dando suporte para que a gente consiga desenvolver tecnologias sustentáveis para o setor", pontua Haddad.
Panorama da produção
O Brasil é o quarto produtor mundial de banana, atrás da Índia, China e Indonésia, e a produção tem se estabilizado acima das 6,8 milhões de toneladas. A banana é cultivada por grandes, médios e pequenos agricultores nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal — atualmente, São Paulo, Bahia e Minas Gerais são os principais estados produtores. Está presente na dieta diária da população brasileira, sendo a fruta mais consumida in natura do País.
A comercialização de bananas e plátanos compõe relevante fatia econômica do agronegócio da fruticultura tropical. Esse cenário encontra-se constantemente ameaçado pelas principais doenças e pragas como a murcha de Fusarium, a sigatoka-negra e a sigatoka-amarela, moko da bananeira e broca-do-rizoma (moleque-da-bananeira). Não bastassem esses patógenos já de conhecimento de todos que trabalham com a cultura, observa-se a ameaça de pragas nas cercanias do território brasileiro, como a raça 4 tropical de Fusarium, ainda não identificada no País.
Alessandra Vale (22290040)
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