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Tecnologias sustentáveis da Embrapa podem beneficiar país africano
Foto: Pedro Coppi
Delegação africana conhece a técnica LIBS, que analisa mais de 20 parâmetros do solo à base de laser e inteligência artificial com rapidez e precisão.
Soluções tecnológicas desenvolvidas pelos centros de pesquisa da Embrapa, em São Carlos (SP), como nanoemulsão de cera de carnaúba, ressonância magnética nuclear, saneamento básico rural, forrageiras, integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e, principalmente, técnicas para avaliar a qualidade do solo, como a plataforma à base de laser e inteligência artificial. Esse é o conjunto de tecnologias sustentáveis que chamou a atenção de uma delegação do Zimbábue na semana passada, pelos benefícios que podem gerar à população do país.
“Acredito que, se essas tecnologias da Embrapa forem transferidas para o Zimbábue, trarão impactos duradouros. Por isso, estamos empenhados em fomentar parcerias e promover a colaboração entre os laboratórios brasileiros e instituições zimbabuanas, para possibilitar a troca de conhecimento e experiências”, disse o presidente da Autoridade de Desenvolvimento Agrícola e Rural (ARDA) do país, Ivan Willian Craig.
O presidente da ARDA fez parte da visita da delegação-executiva do país africano, composta de 12 profissionais de alto nível, à Embrapa Instrumentação e Embrapa Pecuária Sudeste na quinta (26) e período da manhã da sexta (27).
O encontro foi organizado pela Câmara de Comércio Afro-Brasileira (AfroChamber), sediada em São Paulo e presidida pelo angolano Rui Mucaje, e integra a missão promovida pelo CEO The Africa Roundtable, Kipson Gundani, com o apoio institucional da Embaixada do Zimbábue no Brasil.
Ciclo virtuoso
A delegação esteve no Brasil de 22 a 27 de junho para uma intensa agenda de compromissos estratégicos nas áreas agrícolas, de saúde, urbanismo, agroindústria, construção civil e inovação tecnológica. Além das unidades da Embrapa em São Carlos, o grupo visitou a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e o sítio São João, onde estão instaladas tecnologias para o saneamento básico rural e piscicultura, como a fossa séptica biodigestora, jardim filtrante e jardim aquícola.
As soluções para a saúde do solo, apresentadas pelos dois centros de pesquisa da Embrapa, chamaram a atenção da comitiva, porque representam um caminho para melhorar as pastagens no Zimbábue.
Segundo Craig, com a correção do solo é possível corrigir os níveis de pH e ter pastagens de qualidade no país. O mapeamento de solos, que permite identificar o pH e os níveis nutricionais do solo, possibilitando a aplicação exata e balanceada de fertilizantes, conforme as necessidades específicas de cada área, ao longo do crescimento da cultura, é outra pesquisa que atraiu a atenção dele. “Reforço que essa tecnologia é altamente recomendada para o Zimbábue e esperamos poder estabelecer cooperação concreta nesse sentido”, sinalizou o CEO ao se referir a espectroscopia de plasma induzida por laser (LIBS), técnica capaz de avaliar mais de 20 parâmetros do solo.
Mucaje lembrou que muitos capins e forrageiras utilizados atualmente no Brasil têm origem no continente africano. “A AfroChamber se sente honrada em participar dessa iniciativa porque reconhece esse intercâmbio como um ciclo virtuoso – os capins vieram da África, foram adaptados, melhorados por meio da tecnologia brasileira, e agora podem retornar ao continente por meio de uma cooperação estratégica entre a Embrapa e os países africanos” afirmou o presidente da AfroChamber.
Para o CEO The AfricaRoundtable, Kipson Gundani, o nível de trabalho desenvolvido pela Embrapa Instrumentação é extremamente impressionante. “As pesquisas realizadas pela instituição são fundamentais, especialmente no que diz respeito à análise de solos e à preservação de frutas após a colheita, permitindo maior durabilidade desses alimentos”, disse o CEO.
Ele também afirmou que o grupo ficou particularmente impressionado com a abordagem integrada na criação de bovinos da Embrapa Pecuária Sudeste, que inclui a gestão de emissões e a regeneração das pastagens.
“Fica evidente o compromisso do Brasil em aplicar métodos científicos e bem fundamentados na produção pecuária. Um destaque importante foi o uso de tecnologias avançadas, como a robótica no processo de ordenha. Trata-se de uma inovação transformadora, pois reduz significativamente os custos de produção, tornando a carne mais acessível — e esse fator, sem dúvida, contribui para a competitividade global da carne brasileira”, comentou Gundani.
Perspectivas de parcerias
Na Embrapa Pecuária Sudeste, a delegação do Zimbábue foi recebida pelos pesquisadores Alberto Bernardi e Sergio Raposo de Medeiros. De acordo com Medeiros, a importância de receber uma delegação do Zimbábue é que a África é um parceiro natural do Brasil, considerando que pecuária brasileira é baseada em forragens que têm origem no continente africano.
“Sermos parceiros, portanto, além de uma oportunidade para que a tecnologia brasileira ultrapasse fronteiras, com benefício mútuo, aos países da África e para o Brasil, seria uma forma de retribuição. A construção da nossa produção agropecuária nos últimos 50 anos, baseada em altos investimentos em ciência e no empreendedorismo dos nossos produtores, pode ser uma boa base para que o Zimbábue encontre seus próprios caminhos para garantia da sua segurança alimentar e produção de excedentes para exportação”, destaca o pesquisador Medeiros.
Para ele, o Brasil pode ajudar muito com sua expertise, insumos, máquinas, entre outras pesquisas. “Mas, mesmo as cultivares de origem africana que foram desenvolvidas no Brasil devem ser avaliadas nas condições do país em que se queira introduzi-las, cuidado que se deve ter com qualquer outra solução tecnológica, lembra ele.
José Manoel Marconcini, chefe-geral, Débora Milori, chefe de Transferência de Tecnologia e Daniel Souza Corrêa, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento, além do pesquisador Luiz Alberto Colnago receberam a comitiva do Zimbábue na Embrapa Instrumentação.
Para Marconcini, a visita foi uma oportunidade de conhecer os interesses do país africano e como o centro de pesquisa poderá contribuir com tecnologias que possam auxiliar o país a resolver problemas críticos da agricultura do Zimbábue. “Observamos que temos bastante similaridade e esperamos futuramente estabelecer cooperações em diversas áreas de interesse para os dois países”, afirmou o chefe geral.
Segundo Mucaje, as soluções que foram apresentadas certamente terão continuidade. “Nosso compromisso é seguir promovendo essa conexão entre o Zimbábue e a Embrapa, buscando transformá-la em parcerias concretas e produtivas", afirmou o presidente da AfroChamber.
Este pensamento é compartilhado por Gundani. “É meu desejo genuíno que possamos estabelecer uma relação institucional com a Embrapa, especialmente por meio de parcerias com os nossos centros de pesquisa no Zimbábue. Isso permitirá uma verdadeira troca de conhecimentos, um intercâmbio técnico e científico, e poderá contribuir diretamente para o fortalecimento das nossas instituições de pesquisa em nosso país”, finalizou o CEO The Africa Roundtable.
Agricultura no centro da economia
De acordo com estudo elaborado pelo Centro de Estudos de Comércio e Desenvolvimento de Harare, capital do Zimbábue, para a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), agricultura é a espinha dorsal da economia do país africano.
O setor proporciona emprego e renda para 60% a 70% da população, fornece 60% das matérias-primas necessárias ao setor industrial e contribui com 40% do total das receitas de exportação. Mas o Zimbábue tem grande necessidade de equipamentos novos e atualizados para melhorar a produção agrícola.
Joana Silva (MTb 19554)
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