Uma parceria entre a Embrapa Florestas e a Prefeitura de Curitiba resultou no plantio de um clone da araucária centenária que tombou em Cruz Machado em 2023. A ação, realizada em 24 de junho na Fazenda Urbana do CIC, celebrou o Dia da Araucária e marcou a assinatura de um protocolo de intenções para impulsionar agricultura urbana, segurança alimentar e sustentabilidade por meio de tecnologias desenvolvidas pela Embrapa e parceiros. Além do Prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel, e do Secretário de Desenvolvimento Sustentável, Rafael Greca, estiveram presentes os chefes da Embrapa Florestas, Marcelo Francia Arco-Verde, Osmir Lavoranti, Edina Moresco, Rejane Stumpf e outros pesquisadores, como Annete Bonnet, coordenadora dos trabalhos na Fazenda Urbana do CIC e Luís Froufe, integrante da equipe. Também participaram do evento a secretária municipal do Meio Ambiente, Marilza Dias, o secretário municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, Leverci Silveira Filho, os vereadores Zezinho do Sabará e Meri Martins; os administradores regionais da CIC, Rudmar Fedrigo, e do Tatuquara, Marcelo Ferraz e alunos e professores do CMEI Riad Salamuni. O clone plantado em Curitiba, uma muda de galho, representa um marco ambiental e social para a cidade. “Este clone faz referência ao potencial produtivo e social da araucária como fonte de alimento, renda e segurança alimentar, por produzir pinhões em menos tempo, além de facilitar a colheita”, afirmou Ivar Wendling, pesquisador da Embrapa Florestas responsável pelo desenvolvimento da técnica de enxertia em araucárias. “Esse plantio é simbólico, mas representa muito, é o plantio da árvore número 88 mil da nossa gestão, mostrando o compromisso da Prefeitura de Curitiba com a preservação da biodiversidade e o futuro sustentável da cidade”, destacou o prefeito Eduardo Pimentel. Termo de Cooperação Técnica O trabalho em parceria entre a Embrapa Florestas e a Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional - SMSAN terá duração de três anos e visa transferir tecnologias e validar ativos tecnológicos desenvolvidos pela Embrapa e parceiros junto à Prefeitura Municipal de Curitiba, no âmbito do Programa “Fazenda Urbana”. O objetivo é o desenvolvimento conjunto de projetos que ampliem as práticas sustentáveis, focando sistemas agroflorestais com espécies nativas; pesquisa de controle alternativo de pragas e doenças; compostagem com base na utilização da “mosca-soldado”; prospecção de espécies regionais para incremento dos serviços ecossistêmicos urbanos; capacitação de agentes multiplicadores em tecnologias florestais; divulgação das tecnologias desenvolvidas na parceria. Curitiba, através da Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, possui uma Fazenda Urbana onde ações importantes já vêm sendo realizadas. Neste sentido, a Embrapa, por intermédio de seus vários Centros e Unidades de Pesquisa, tem desenvolvido diversas tecnologias voltadas para a agricultura familiar e de pequena escala, e possui a responsabilidade de transferir as informações geradas. Marcelo Francia Arco-Verde, chefe geral da Embrapa Florestas, falou sobre a importância do trabalho do Centro de Pesquisas no sentido de organizar melhor as cadeias produtivas e gerar tecnologia. “No caso do pinhão, trabalhamos para melhorar a qualidade dessa semente, entender melhor a época produtiva, selecionar os melhores indivíduos e a partir daí, todos ganhamos, com um pinhão mais saboroso, maior, proveniente de uma araucária com melhor qualidade e crescimento”. Arco-Verde também falou de outras espécies que serão trabalhadas ali na fazenda urbana do CIC, como erva-mate, frutíferas e plantas epífitas (por ex. bromélias e orquídeas). “Estas são plantas que coabitam esse ambiente com a araucária, são amigas dela. “É importante levar esses amigos da araraucária em um parque urbano, além de estarmos visando também combater a fome, com frutíferas, em sistemas de referência que a Embrapa Florestas vai trabalhar”, explica. Ao final do evento, os participantes degustaram bolachas feitas com farinha de pinhão e bolo com farinha de erva-mate, que estão sendo desenvolvidos com pesquisas da Embrapa Florestas, além de chá mate com cultivar desenvolvida pela instituição. Clones da Araucaria angustifolia A muda clonal da espécie Araucaria angustifolia pertence à maior araucária já registrada no Paraná, que atingia 42 metros de altura e tinha idade estimada em cerca de 750 anos. A árvore centenária tombou durante um temporal e foi clonada pela equipe da Embrapa Florestas (PR), sob coordenação do pesquisador Ivar Wendling, em um feito inédito na pesquisa florestal brasileira. No evento, além do pesquisador Ivar Wendling estava presente a coordenadora do projeto de plantio de árvores e epífitas, a pesquisadora da Embrapa Florestas Anette Bonnet. A clonagem de uma planta tão antiga representou um grande desafio, já que a regenerabilidade de tecidos de árvores idosas é naturalmente reduzida. Foram desenvolvidos dois tipos de mudas a partir da árvore original, mudas de galho (que originam “mini araucárias", com altura máxima entre 3 e 5 metros, sem tronco dominante, e que produzem pinhões precocemente); e mudas de tronco, que geram árvores com morfologia semelhante à original, mantendo tronco e galhos, porém não atingem a mesma altura da árvore-matriz, já que os brotos utilizados são maduros, e também produzem pinhões precocemente. Fazenda Urbana A Fazenda Urbana de Curitiba possui um quadro de funcionários qualificados, além de equipamentos e implementos agrícolas e recursos para aquisição de insumos e fertilizantes. Também disponibiliza a sua infraestrutura administrativa e de divulgação que, por sua vez, permitem a realização de ensaios experimentais, instalações de unidades demonstrativas e de referência, além da realização de eventos e palestras para diferentes públicos. Neste contexto, a parceria entre a Prefeitura de Curitiba, por intermédio da Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, permitirá a realização de ações voltadas para o estabelecimento de Unidades Demonstrativas e de Referência, bem como ações com diversas culturas e com o meio físico da área. Estas ações visam a transferência de tecnologias e a validação de ativos tecnológicos desenvolvidos pela Embrapa e pelos parceiros para que os agricultores familiares, assim como os produtores de áreas urbanas e periurbanas sejam estimulados e tenham a oportunidade de conhecer as tecnologias adaptadas às condições regionais e sustentáveis, adotando-as de forma segura. Atividades a serem realizadas pelo projeto Entre as atividades a serem desenvolvidas na Fazendo Urbana do CIC estão sistemas agroflorestais com diferentes conformações, incluindo frutíferas nativas, araucárias enxertadas e erva-mate; compostagem com base na “mosca soldado”; pesquisa em sistema de controle alternativo de pragas e doenças de ocorrência na Fazenda Urbana; Prospecção de demandas e necessidades da agricultura familiar, urbana e periurbana; prospecção e propagação de epífitas nativas; divulgação das tecnologias desenvolvidas durante o período da parceria; Prospecção de espécies nativas regionais de interesse para incremento nos serviços ecossistêmicos e paisagismo em ambientes urbanos e periurbanos e a capacitação de agentes multiplicadores em tecnologias florestais. A equipe envolvida no projeto é composta pelos pesquisadores Alessandra Keiko Nakasone, Annete Bonnet (coordenadora do Projeto), Celso Garcia Auer, Edvan Alves Chagas, Emiliano Santarosa, Guilherme Schnell e Schühli, Ingo Isernhagen, Luís Cláudio Maranhão Froufe e Ivar Wendling. Com informações adicionais da Prefeitura de Curitiba.