Valorizar o protagonismo de mulheres quilombolas no enfrentamento à insegurança alimentar no Nordeste Paraense

O projeto “Trabalho e consumo alimentar: desafios de mulheres quilombolas para reduzir a insegurança alimentar no Nordeste Paraense” une ciência e participação social para o entendimento dos processos de transição alimentar e o combate à insegurança alimentar em comunidades tradicionais da Amazônia, com destaque ao Nordeste do Pará.

Com atuação nos quilombos Jacarequara (Santa Luzia do Pará) e Camiranga (Cachoeira do Piriá), o projeto tem como foco principal compreender as transformações nos hábitos alimentares dessas comunidades, nas quais mulheres desempenham papel central na produção, aquisição e preparo dos alimentos.

Dados recentes apontam que mulheres negras rurais na Amazônia estão entre os grupos mais afetados pela insegurança alimentar. Em muitos quilombos, observa-se a redução da produção para o autoconsumo, o enfraquecimento do extrativismo e a crescente dependência de alimentos industrializados — tendência impulsionada, em parte, pelo baixo custo e praticidade de acesso de produtos no mercado.

A pesquisa adota a metodologia da pesquisa-ação, com forte participação comunitária. Entre as atividades estão entrevistas, observações em campo, grupos focais e oficinas práticas de preparo e conservação de alimentos locais. A proposta busca refletir, junto às próprias mulheres quilombolas, sobre os impactos dessas mudanças nos modos de vida e propor alternativas mais saudáveis e sustentáveis.

Além de gerar conhecimento técnico e científico, o projeto prevê a produção de cartilhas, podcasts, notas informativas e participação ativa das mulheres em eventos e seminários. Os resultados deverão subsidiar políticas públicas voltadas à segurança alimentar e nutricional com foco nas especificidades das comunidades quilombolas.

Ao valorizar o saber das mulheres e promover o diálogo entre tradição e ciência, a iniciativa contribui para o fortalecimento da soberania alimentar, da cultura local e da justiça social no campo amazônico.