A brusone, causada pelo fungo Magnaporthe oryzae, é a doença mais destrutiva do arroz, devido aos grandes danos que provoca e às dificuldades de controle. Cultivares resistentes acabam rapidamente se tornando suscetíveis, resultando em perdas significativas na produtividade e no uso excessivo de fungicidas. A alta diversidade genética do patógeno é apontada como uma das principais razões para essa quebra de resistência.

Diante disso, desenvolver cultivares de arroz que combinem alto potencial produtivo e estabilidade em condições favoráveis ao fungo é essencial para mitigar os impactos da doença. Nesse contexto, os avanços em tecnologias genômicas têm um papel importante, pois aumentam a eficiência do melhoramento convencional. Essas tecnologias permitem identificar, isolar e caracterizar genes relacionados à resistência do arroz a M. oryzae.

A Embrapa Arroz e Feijão tem como objetivo, por meio de seus programas de biotecnologia e melhoramento, buscar genes associados à resistência a M. oryzae. Esta proposta se concentra em identificar esses genes a partir de sequências obtidas em um projeto anterior, utilizando RNA-Seq. As sequências foram geradas em genes expressos de duas linhas semi-isogênicas de arroz em diferentes estágios de infecção pelo fungo.

Os genes com potencial para resistência serão validados com a técnica de RT-qPCR, e os mais promissores serão selecionados e clonados. Paralelamente, será analisado o perfil de proteínas das mesmas linhas semi-isogênicas, por meio de eletroforese bidimensional. As proteínas diferencialmente expressas serão identificadas por espectrometria de massa, permitindo a descoberta de proteínas específicas relacionadas ao patossistema.

Os genes que codificam as proteínas identificadas também passarão por validação com RT-qPCR, ampliando o banco de candidatos para resistência à brusone. Essas descobertas contribuirão para compreender os mecanismos genéticos que determinam a resistência ou suscetibilidade do arroz ao fungo.

A identificação de genes relacionados à resistência é essencial para o avanço científico e para o desenvolvimento de ferramentas biotecnológicas inovadoras. Em uma abordagem prática, esses genes podem ser usados para criar marcadores moleculares, auxiliando programas de melhoramento na seleção assistida. Em uma linha mais avançada, eles poderão compor um banco de genes para uso direto pela Embrapa ou para parcerias no desenvolvimento de cultivares cisgênicas de arroz ou transgênicas de outras espécies.