Uma pesquisa de mestrado vinculada ao Projeto de Desenvolvimento de Tecnologias Produtivas do Cajá (Cajatec), promovido pela Embrapa Meio-Norte e realizada pela bolsista Letícia Rodrigues, revelou um avanço significativo na produtividade da cajazeira. A partir da aplicação de doses específicas de Nitrogênio (167 kg/ha), Fósforo (170 kg/ha) e Potássio (167 kg/ha) no tratamento de fertirrigação da frutífera, a média de produção de frutos saltou de 0,464 t/ha para 4,381 t/ha. O experimento foi desenvolvido em um pomar comercial de cajazeira já em fase produtiva. Os resultados positivos, obtidos em nível experimental, foram alcançados após três anos de testes com diferentes doses de cada nutriente aplicadas por meio da fertirrigação — técnica que permite fornecer nutrientes solúveis diretamente na área onde se concentram as raízes da planta, otimizando a absorção e reduzindo perdas por descolamento de nutrientes do solo e evaporação. A falta de dados sobre as exigências nutricionais da cajazeira é um dos maiores entraves no seu cultivo, o que acaba dificultando a determinação de doses agronomicamente adequadas e economicamente viáveis, cenário que impacta diretamente nas estratégias de manejo dos pomares. Letícia Rodrigues, bolsista do projeto CajaTec e autora da pesquisa, avalia os resultados como essenciais para o avanço técnico da cultura. “São dados inéditos sobre o manejo nutricional da cajazeira em condições de fertirrigação, especialmente em Latossolo, que é comum em regiões como o Piauí. Eles nos ajudam a entender como a planta responde ao uso racional de nitrogênio e potássio, contribuindo para a construção de recomendações técnicas que hoje são praticamente inexistentes para essa cultura”, enfatiza. Segundo Letícia, o interesse dos produtores da região reforça a importância dos dados obtidos. “Tive contato com técnicos e agricultores que demonstraram curiosidade com o desempenho da planta sob fertirrigação e sobre a viabilidade econômica desse tipo de manejo. Isso mostra que existe demanda por informações técnicas e que os resultados podem ajudar a embasar decisões no campo e expandir a cadeia produtiva da cajazeira”, finaliza. O coordenador do projeto CajaTec, Eugênio Araújo, ressalta que, para os resultados serem reproduzidos, alguns aspectos devem ser considerados. "Os produtores podem atingir facilmente os resultados, mas para isso, eles devem seguir todo o sistema de produção que a Embrapa recomenda, e isso envolve várias práticas de produção, como: espaçamento adequado, correção do solo, podas de condução e produção, prevenção e controle de pragas e doenças e controle de ervas daninhas. Aplicando essas tecnologias o produtor vai perceber um aumento da produtividade, e consequentemente, um maior lucro com a atividade", explica. A cajazeira, também conhecida como taperebá ou cajá-mirim, é uma frutífera comum e muito apreciada nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. O fruto é valorizado pelo sabor marcante, alto valor nutricional e potencial econômico, representando uma fonte de renda importante para muitos produtores locais.