Oficina realizada na Embrapa reuniu diversos atores envolvidos na restauração florestal para discutir soluções integradas diante da crise climática O Workshop “Rumo à COP 30 – Planejamento Integrado e Participativo da Restauração Florestal em Resposta à Crise Climática” ocorreu nessa terça-feira (10), na sede da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém-PA, e reuniu a comunidade científica e gestores públicos para integrar iniciativas, projetos e programas de restauração florestal no Pará e fortalecer a agenda ambiental no estado. O grupo debateu os desafios da restauração nos eixos ambiental, socioeconômico, de risco de climático e de engajamento e participação da sociedade. O encontro foi realizado pela Embrapa Amazônia Oriental e Universidade de Lancaster, no Reino Unido, no âmbito da cooperação internacional para a restauração de florestas. A iniciativa é viabilizada a partir do Centro Avançado em Pesquisas Socioecológicas para a Recuperação Ambiental, o Capoeira, (financiado pelo CNPq); do projeto “Viabilizando a restauração florestal em larga escala e resistente ao clima na Amazônia Oriental” (financiado pelo Global Climate Biodiversity Center GCBC); e da Rede Amazônia Sustentável (RAS). Entre os temas iniciais abordados por gestores técnicos dos governos estadual e federal, esteve o planejamento espacial da restauração. A técnica Andrea Coelho, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), abordou a importância desse planejamento e o trabalho feito a nível local, com o Plano de Recuperação da Vegetação Nativa do Estado do Pará (PRVN-PA). O planejamento, segundo a técnica, é uma estratégia fundamental para localizar áreas com a vegetação já em processo de regeneração natural e outras onde é importante estimular a restauração com diferentes abordagens, seja regeneração natural assistida, produtiva ou outras. “Nós temos um território muito diverso e não existe uma fórmula única de restauração. Além disso, vários fatores incidem sob essa questão, como custos, as diferentes pressões sobre as áreas”, analisa Andrea Coelho. “Se não tivermos um planejamento espacial daquilo que já temos como ativo, por exemplo a vegetação secundária, com a definição de áreas que são mais propícias para a restauração, todo o esforço a ser empregado poderá não ter um resultado efetivo”, conclui. O representante do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Mateus Motter Dala Senta, participou de forma remota e falou sobre o monitoramento espacial da vegetação pelo Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg). Ações participativas de restauração no Nordeste Paraense. Foto: Ianca Moreira/Refloramaz Integração de iniciativas e projetos O evento deu início ao processo de aproximação de instituições e iniciativas com o objetivo de orientar as ações de restauração florestal em andamento, no âmbito da cooperação entre a Embrapa e a Universidade de Lancaster, por meio do Centro Capoeira. “Foi um esforço importante, um espaço para realizar a integração entre diferentes atores da restauração. Então tivemos a participação do MMA e do Instituto Internacional de Sustentabilidade, mostrando o status dos esforços em nível nacional. Nós buscamos estratégias de convergência e refinamento com a Semas, a nível estadual e local. Nossa intenção é realizar um trabalho sinérgico", disse Joice Ferreira, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental e coordenadora do Centro Capoeira. A pesquisadora ressaltou ainda que o evento foi concebido como uma continuidade das ações de co-construção do Plano de Recuperação da Vegetação Nativa do Estado do Pará, que teve a participação da Embrapa. A pesquisadora Ima Vieira, do Museu Paraense Emílio Goeldi, ressaltou a importância do evento como uma oportunidade de integrar esforços de ações já em andamento no Pará e na Amazônia. “O evento e o centro Capoeira vêm em um momento muito bom, no qual já temos grupos de cientistas, de gestores públicos, comunidades e atores envolvidos na restauração bem articulados, com propostas bem claras, e que precisam de refinamento, e integração para avançar”, afirmou. Para Jos Barlow, da Universidade de Lancaster e coordenador da cooperação pela parte britânica, a colaboração de longa data com a Embrapa e a parceria com muitas instituições brasileiras têm permitido integrar os esforços de pesquisa para conciliar soluções de restauração e conservação de florestas. “Percebemos que existem muitos atores trabalhando no mesmo tema e até mesmo de maneiras complementares, então a integração desses vários grupos vai ser fundamental para avançarmos com a restauração na região”, pontuou. Pará se une à meta global O Pará possui hoje cerca de 23,2 milhões de hectares de áreas abertas sem cobertura de vegetação nativa, o que corresponde a 18,6% do território estadual. Esse passivo ambiental está distribuído principalmente em propriedades particulares (12,8 milhões), assentamentos rurais (5 milhões), territórios indígenas (424 mil hectares), quilombolas (337 mil), unidades de conservação (1,6 milhões de ha) e florestas públicas não destinadas (2,9 milhões). Grande parte dessas áreas é ocupada por pastagens e atividades agrícolas de baixa produtividade, concentradas no leste e sudeste do estado. O Brasil assumiu o compromisso de restaurar 12 milhões de hectares até 2030, alinhando-se a acordos internacionais como o Acordo de Paris, a Declaração de Nova York sobre Florestas e a Iniciativa 20x20, da América Latina. Para os pesquisadores do centro do Capoeira, no caso do Pará, se conectar a essa meta global e recuperar parte do passivo ambiental do estado não é apenas uma obrigação legal, mas uma estratégia essencial para reduzir desmatamento, restaurar serviços ecossistêmicos e estimular uma economia de base florestal. Programação Ao longo da manhã, os participantes debateram temas-chave em quatro grupos de trabalho. Entre os eixos de discussão estiveram o planejamento da restauração no Pará; métricas e indicadores além do carbono; a incorporação de riscos climáticos, como secas e incêndios, nas estratégias de restauração; e de que forma é possível garantir um processo verdadeiramente participativo, com escuta e protagonismo de produtores, comunidades locais, gestores e técnicos. “A partir do que foi discutido nesta oficina vamos orientar os próximos passos e fortalecer uma agenda colaborativa entre os grupos de forma que possamos ter uma restauração florestal que tenha inclusão social, traga benefícios e identifique áreas de vulnerabilidade climática e social, onde ações de restauração vão gerar mais benefícios para o clima, mas principalmente para as pessoas”, conclui Joice Ferreira. O workshop contou com a participação entre representantes do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), da Universidade Federal do Pará (UFPA), do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), da Escola Superior de Agricultura (Esalq/USP), do Instituto Internacional para a Sustentabilidade (IIS), da WRI Brasil, do Instituto Socioambiental (ISA), da Aliança pela Restauração da Amazônia, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), entre outros. A oficina serviu como oportunidade desses atores trazerem resultados preliminares dos projetos colaborativos que estão mapeando desafios e caminhos para a restauração no estado. Centro Capoeira e projeto GCBC O Centro Avançado em Pesquisas Socioecológicas para a Recuperação Ambiental – Capoeira - iniciou suas atividades em março deste ano. A iniciativa, que reúne mais de 100 pesquisadores de 33 instituições, é voltada a integrar atividades de pesquisa em rede e ações colaborativas entre cientistas, povos e comunidades tradicionais, agricultores familiares e gestores públicos. O centro Capoeira é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O projeto “Viabilizando a restauração florestal em larga escala e resistente ao clima na Amazônia Oriental”, que tem financiamento do Global Climate Biodiversity Center (GCBC), é voltado a produzir evidências científicas e informar políticas públicas para aumentar os benefícios da regeneração natural como estratégia de restauração de florestas.
Oficina realizada na Embrapa reuniu diversos atores envolvidos na restauração florestal para discutir soluções integradas diante da crise climática
O Workshop “Rumo à COP 30 – Planejamento Integrado e Participativo da Restauração Florestal em Resposta à Crise Climática” ocorreu nessa terça-feira (10), na sede da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém-PA, e reuniu a comunidade científica e gestores públicos para integrar iniciativas, projetos e programas de restauração florestal no Pará e fortalecer a agenda ambiental no estado. O grupo debateu os desafios da restauração nos eixos ambiental, socioeconômico, de risco de climático e de engajamento e participação da sociedade.
O encontro foi realizado pela Embrapa Amazônia Oriental e Universidade de Lancaster, no Reino Unido, no âmbito da cooperação internacional para a restauração de florestas. A iniciativa é viabilizada a partir do Centro Avançado em Pesquisas Socioecológicas para a Recuperação Ambiental, o Capoeira, (financiado pelo CNPq); do projeto “Viabilizando a restauração florestal em larga escala e resistente ao clima na Amazônia Oriental” (financiado pelo Global Climate Biodiversity Center GCBC); e da Rede Amazônia Sustentável (RAS).
Entre os temas iniciais abordados por gestores técnicos dos governos estadual e federal, esteve o planejamento espacial da restauração. A técnica Andrea Coelho, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), abordou a importância desse planejamento e o trabalho feito a nível local, com o Plano de Recuperação da Vegetação Nativa do Estado do Pará (PRVN-PA).
O planejamento, segundo a técnica, é uma estratégia fundamental para localizar áreas com a vegetação já em processo de regeneração natural e outras onde é importante estimular a restauração com diferentes abordagens, seja regeneração natural assistida, produtiva ou outras. “Nós temos um território muito diverso e não existe uma fórmula única de restauração. Além disso, vários fatores incidem sob essa questão, como custos, as diferentes pressões sobre as áreas”, analisa Andrea Coelho.
“Se não tivermos um planejamento espacial daquilo que já temos como ativo, por exemplo a vegetação secundária, com a definição de áreas que são mais propícias para a restauração, todo o esforço a ser empregado poderá não ter um resultado efetivo”, conclui.
O representante do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Mateus Motter Dala Senta, participou de forma remota e falou sobre o monitoramento espacial da vegetação pelo Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg).

Ações participativas de restauração no Nordeste Paraense. Foto: Ianca Moreira/Refloramaz
Integração de iniciativas e projetos
O evento deu início ao processo de aproximação de instituições e iniciativas com o objetivo de orientar as ações de restauração florestal em andamento, no âmbito da cooperação entre a Embrapa e a Universidade de Lancaster, por meio do Centro Capoeira.
“Foi um esforço importante, um espaço para realizar a integração entre diferentes atores da restauração. Então tivemos a participação do MMA e do Instituto Internacional de Sustentabilidade, mostrando o status dos esforços em nível nacional. Nós buscamos estratégias de convergência e refinamento com a Semas, a nível estadual e local. Nossa intenção é realizar um trabalho sinérgico", disse Joice Ferreira, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental e coordenadora do Centro Capoeira. A pesquisadora ressaltou ainda que o evento foi concebido como uma continuidade das ações de co-construção do Plano de Recuperação da Vegetação Nativa do Estado do Pará, que teve a participação da Embrapa.
A pesquisadora Ima Vieira, do Museu Paraense Emílio Goeldi, ressaltou a importância do evento como uma oportunidade de integrar esforços de ações já em andamento no Pará e na Amazônia. “O evento e o centro Capoeira vêm em um momento muito bom, no qual já temos grupos de cientistas, de gestores públicos, comunidades e atores envolvidos na restauração bem articulados, com propostas bem claras, e que precisam de refinamento, e integração para avançar”, afirmou.
Para Jos Barlow, da Universidade de Lancaster e coordenador da cooperação pela parte britânica, a colaboração de longa data com a Embrapa e a parceria com muitas instituições brasileiras têm permitido integrar os esforços de pesquisa para conciliar soluções de restauração e conservação de florestas. “Percebemos que existem muitos atores trabalhando no mesmo tema e até mesmo de maneiras complementares, então a integração desses vários grupos vai ser fundamental para avançarmos com a restauração na região”, pontuou.
Pará se une à meta global  O Pará possui hoje cerca de 23,2 milhões de hectares de áreas abertas sem cobertura de vegetação nativa, o que corresponde a 18,6% do território estadual. Esse passivo ambiental está distribuído principalmente em propriedades particulares (12,8 milhões), assentamentos rurais (5 milhões), territórios indígenas (424 mil hectares), quilombolas (337 mil), unidades de conservação (1,6 milhões de ha) e florestas públicas não destinadas (2,9 milhões). Grande parte dessas áreas é ocupada por pastagens e atividades agrícolas de baixa produtividade, concentradas no leste e sudeste do estado. O Brasil assumiu o compromisso de restaurar 12 milhões de hectares até 2030, alinhando-se a acordos internacionais como o Acordo de Paris, a Declaração de Nova York sobre Florestas e a Iniciativa 20x20, da América Latina. Para os pesquisadores do centro do Capoeira, no caso do Pará, se conectar a essa meta global e recuperar parte do passivo ambiental do estado não é apenas uma obrigação legal, mas uma estratégia essencial para reduzir desmatamento, restaurar serviços ecossistêmicos e estimular uma economia de base florestal. |
Programação
Ao longo da manhã, os participantes debateram temas-chave em quatro grupos de trabalho. Entre os eixos de discussão estiveram o planejamento da restauração no Pará; métricas e indicadores além do carbono; a incorporação de riscos climáticos, como secas e incêndios, nas estratégias de restauração; e de que forma é possível garantir um processo verdadeiramente participativo, com escuta e protagonismo de produtores, comunidades locais, gestores e técnicos.
“A partir do que foi discutido nesta oficina vamos orientar os próximos passos e fortalecer uma agenda colaborativa entre os grupos de forma que possamos ter uma restauração florestal que tenha inclusão social, traga benefícios e identifique áreas de vulnerabilidade climática e social, onde ações de restauração vão gerar mais benefícios para o clima, mas principalmente para as pessoas”, conclui Joice Ferreira.
O workshop contou com a participação entre representantes do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), da Universidade Federal do Pará (UFPA), do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), da Escola Superior de Agricultura (Esalq/USP), do Instituto Internacional para a Sustentabilidade (IIS), da WRI Brasil, do Instituto Socioambiental (ISA), da Aliança pela Restauração da Amazônia, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), entre outros.
A oficina serviu como oportunidade desses atores trazerem resultados preliminares dos projetos colaborativos que estão mapeando desafios e caminhos para a restauração no estado.
Centro Capoeira e projeto GCBC
O Centro Avançado em Pesquisas Socioecológicas para a Recuperação Ambiental – Capoeira - iniciou suas atividades em março deste ano. A iniciativa, que reúne mais de 100 pesquisadores de 33 instituições, é voltada a integrar atividades de pesquisa em rede e ações colaborativas entre cientistas, povos e comunidades tradicionais, agricultores familiares e gestores públicos. O centro Capoeira é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O projeto “Viabilizando a restauração florestal em larga escala e resistente ao clima na Amazônia Oriental”, que tem financiamento do Global Climate Biodiversity Center (GCBC), é voltado a produzir evidências científicas e informar políticas públicas para aumentar os benefícios da regeneração natural como estratégia de restauração de florestas.